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sábado, julho 09, 2011

Sociologia.:.Ciência Política ll

Ciência Política
BIOGRAFIA
NICCOLÒ MACHIAVELLI – 1469-1527

            Nicolau Maquiavel nasceu em Florença em três de Maio de 1469, filho de Marietta di Lodovico Corsini e Bernardo Nicolau Maquiavel, este, doutor em leis. Desde pequeno aprendeu a conviver com os livros, principalmente os clássicos, na pequena biblioteca do pai. Aos doze anos redigia muito bem o latim.
            Aos nove anos assiste ao assassinato de Juliano de Medici na Catedral de Florença e ao ferimento a Lourenço de Medici que escapa com vida numa tentativa de tomada do poder pelo sobrinho do papa Sisto IV. A curiosidade de Maquiavel é aguçada cada vez mais pelos fatos políticos da época.
            Já aos vinte e nove anos(1498) assiste a ascenção e queda do frei dominicano Jeronino Savonarola, líder religioso que desafiava o poder papal que é enforcado e queimado em praça pública. É desta época a preocupação de Maquiavel com a figura política do chamado “profeta desarmado que nada pode contra a força” pois encontra muitos outros casos de príncipes sem exércitos que acabam caindo em desgraça.
            Neste mesmo ano de 1498 torna-se segundo secretário da República de Florença, encarregado de assuntos diplomáticos, dos problemas internos e das questões bélicas. Isto lhe rende muitas viagens e também trava conhecimento com personagens importantes da época. Adquire fama de intelectual e arguto conselheiro. Lucidez, concisão e lógica de argumentação são virtudes inquestionáveis.
            Como Chanceler em Veneza conhece César Borgia, figura temida e de grande determinação e astúcia que chama a atenção de Maquiavel pelo seu crescente êxito. Com a morte do papa AlexandreVI em 1512 assume o seu lugar o papa Júlio II que estava a dez anos no exílio. Este une-se ao Rei Aragão(Nápoles) para dominar Florença e reconduz a família Medici ao poder. Cai portanto o governo republicano de Soderini e Maquiavel é cassado e preso. Chega a ser torturado. Fica preso 22 dias porém com a ascenção do papa Leão X(um Medici) há uma anistia geral.
            Isola-se então em sua propriedade rural e vive em ostracismo político. É neste período que escreve “O Príncipe”, fruto de sua intensa observação e vivência no mundo político. Sua vida é rotineira e simples como ele descreve em uma carta enviado ao amigo Francisco Vetor, a quem confia vários pedidos de intercessão junto aos Medici para voltar a vida pública. A obra é então dedicada aos Medici na esperança de ser reconduzido a um emprego publico; porém os tiranos o vêem como um republicano. Somente em 1520 é lembrado e convidado a escrever sobre Florença. Após isto os Medici caem novamente e em 1527 a república é restaurada. É então identificado como alguém que tinha ligações com os tiranos(Medicais) e definitivamente esquecido. Adoece e morre neste mesmo ano.

CONTEXTO HISTÓRICO

            Já ao início do século XVI a Itália se apresenta dividida em pequenos principados. Seus governadores são déspotas sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A crise na estrutura do poder era conseqüência da instabilidade política que tinha sua origem na ilegitimidade do poder. Só se mantinha o poder pelas armas e a força militar italiana era constituída por mercenários. Isto tornava instável a conquista e a manutenção do poder.
            Havia um grande vazio: ausência de um poder central. Este vazio era ocupado por militares aventureiros (condottieri) – governantes astutos e bem armados. Conquistavam alguns principados para si e estabeleciam alianças com reis, cardeais e papas.
            A Europa ocidental era monárquica e os principados italianos, presas fáceis. O cenário era de total desorganização política, militar e institucional devido ao anacronismo das cidades - estado e pela ausência de um poder central forte. A igreja, ainda que influente não conseguia dominar os Estados e também não encorajava a unificação dos principados, ducados, reinos e repúblicas sob o poder de um príncipe secular.
            O restante da Europa cresce com o comércio. Alguns empresários italianos transferem o centro de decisão de seus negócios para a Inglaterra e França. A Itália estava dividida, como dissemos, em ducados, principados e repúblicas, todas rivais entre si. Neste contexto, a astúcia e traição eram freqüentes inclusive dentro do clero. Este é o cenário da realidade social à época em que foi escrito ‘O Príncipe”.
            Era a época do Renascimento e a retomada dos clássico gregos e romanos substituía gradualmente o imobilismo da Idade Média (caráter teocêntrico) por um dinamismo indicado por uma nova visão do Homem (caráter antropocêntrico).
            Há uma tentativa da Itália de viver em paz através do Tratado de Lodi que pôs fim a guerra entre Milão e Veneza instituindo a Santíssima Liga com a participação destes e também da República de Florença, do reinado de Nápoles e o papado. Estes cinco principais governos unidos garantem um certo equilíbrio político por cerca de quarenta anos. Menos enfraquecida a Itália prospera e lidera o movimento renascentista.
            A quebra do Tratado se dá durante o pontificado de Sisto IV. Em 1478, Florença então governada por Lourenço de Medici se torna hostil a Roma devido a política de fortalecimento dos Estados pontifícios. O papa Sisto IV aceita participar de uma conspiração para derrubar os Medici não sendo informado de todos os detalhes. Na catedral durante uma missa Juliano é assassinado e seu irmão Lourenço escapa com vida. Os algozes são presos, enforcados e esquartejados pela multidão. Lourenço de Medici sai fortalecido. Enfrenta de um lado a hostilidade de Veneza e de outro o papado unido a Nápoles. Num gesto político audacioso parte sozinho a Nápoles para se encontrar com o rei. Diante da ameaça turca alia-se a Fernando I e desta forma Lourenço colhe grande vitória diplomática sobre o papa. Lourenço morre em 1492 e seu filho Pedro faz um reinado medíocre e é condenado ao exílio por ter se entregue covardemente ao rei Carlos VIII da França. Carlos VIII entra triunfante em Florença convencido de que é um emissário de Deus enviado para punir e reformar a Igreja conforme os sermões de um frei chamado Savonarola que se torna a personalidade dominante naquele momento.

O novo governo assume uma feição Teocrática com campanha moralista e religiosa elevada a um grau desconhecido mesmo na Idade Média.. Rapidamente entra em choque com o papa Alexandre VI; é excomungado e Florença é ameaçada com um interdito. Savonarola é preso pelo governo, torturado e morto em praça pública.
            Maquiavel a tudo assiste tirando lições da brusca queda do líder religioso sem armas. Todos os adeptos a Savonarola são demitidos. Aos vinte e nove anos Maquiavel assume o cargo de secretário na Segunda Chancelaria de Florença. Participa de muitas missões diplomáticas, sendo uma especial: travou conhecimento com César Borgia filho do papa Alexandre VI. É da astúcia e rapidez de César Borgia na conquista a Urbino que Maquiavel identifica uma qualidade fundamental a qualquer príncipe: virtù. (palavra italiana que para Maquiavel significa energia, decisão, capacidade, empenho, vontade dirigida para um objetivo - em latim vir=homem.)
            Em 1512 morre Alexandre VI. É eleito o papa Júlio II (sobrinho de Sisto IV ) que estava no exílio por animosidade aos Borgia. César Borgia é preso e liberado mediante pagamento de pesado tributo. Vai para a Espanha onde morre lutando em completo esquecimento. Júlio II derrota o governo republicano de Soderini e reconduz os Medici ao governo. Começa então o ostracismo de Maquiavel.

TEMAS  IMPORTANTES  PARA  A  ANÁLISE  DA  OBRA

A  VERDADE  EFETIVA  DAS  COISAS

O foco para Maquiavel sempre foi o Estado, não aquele imaginário e que nunca existiu; mas aquele que é capaz de impor a ordem! O ponto de partida e de chegada é a realidade corrente – por isto a ênfase na verità effetuale – ou seja: ver e examinar a realidade como ela é e não como se gostaria que fosse.

O que Maquiavel se questiona incessantemente é: como fazer reinar a ordem – como instaurar um estado estável – como resolver o ciclo de estabilidade e caos. Ele chega a algumas conclusões interessantes – A ordem deve ser construída para evitar a barbárie. Uma vez alcançada, não é definitiva.

NATUREZA HUMANA E HISTÓRIA


Fiel ao conceito da verdade efetiva, Maquiavel estuda a história, sobretudo a antigüidade clássica. Conclui que qualquer que seja o tempo e o espaço o homem tem traços humanos imutáveis quais sejam: ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro – O Príncipe cap. XVII. Destes atributos negativos temos os fundamentos para o conflito e a anarquia.

Para Maquiavel o estudo do passado indicará os acontecimentos que se sucederão em qualquer estado e também quais os meios empregados para solucionar problemas pela coincidência ou similaridade.

Segundo Maquiavel, os principados são dois os tipos de principados: REPUBLICA ou PRINCIPADOS.

Os Principados podem ser hereditários ou novos.

Principados mistos: Quando não são inteiramente novos.

Maquiavel aconselha que quem adquire um território, desejando conserva-lo, deve tomar em consideração duas coisas: UMA, que a estirpe do seu antigo príncipe desapareça; a OUTRA, não alterar as suas leis, nem os seus impostos. Assim, dentro de um brevíssimo tempo, formam um corpo só.

Quando o príncipe reside em seu domínio, dificilmente acontece de vir a perde-lo.
Outro meio igualmente eficaz e mandar colonizar algumas regiões que sejam como chaves do novo Estado.

Esta medida e pouco dispendiosa ou nada custa alem de descontentar uns poucos. Apenas aqueles de que se tira os campos para dar aos novos habitantes.

Neste caso, os lesados por ficarem pobres e dispersos, nunca poderão acarretar-lhe embaraços

Note-se, dizia Maquiavel, que os homens devem ser suprimidos ou lisonjeados, pois se vingam das ofensas leves, mas não podem faze-lo das graves. Por conseguinte, a ofensa que se faz ao homem deve ser tal, que o impossibilite de tirar desagravo.

Em sua opinião o exercito e dispendioso e causa descontentamentos a uma gama muito maior que a colônias, por isso, considerava-os inúteis.

Quando se conquista um pais acostumado a viver segundo as suas próprias leis e em liberdade, três maneiras ha de proceder para conserva-lo- : DESTRUI-LO;  ou IR MORAR NELE;  ou   DEIXA-LO VIVER COM SUAS LEIS.

Sobre os novos Principados conquistados dizia “ Os Estados rapidamente surgidos, como todas as outras coisas da natureza que nascem e crescem depressa, não podem Ter raízes e as aderencias necessárias para a sua consolidação. – Extingui-los a, a primeira borrasca, a menos que seus fundadores eram tão virtuosos que saibam imediatamente preparar-se para conservar o que a fortuna lhes concedeu e lancem depois alicerces idênticos aos que os demais príncipes construíram antes de tal se tornarem.

Segundo Maquiavel, existem ainda duas outra maneiras de um simples cidadão chegar ao poder que não por meio da fortuna ou da virtude – através da pratica de ações celeradas e nefastas ou favor dos outros concidadãos.

Quando um cidadão chega ao poder por meio da ajuda dos seus concidadãos, o principado pode ser chamado de civil e para alguém governa-lo, não precisa Ter exclusivamente VIRTUDE ou FORTUNA, mas sim ASTUCIA AFORTUNADA.

Quem chega ao poder com o auxilio dos grandes, tem maiores dificuldades do que aquele que chega com o apoio dos vulgos.

Desejo do povo e ficar livre de opressão enquanto os grandes querem oprimir o povo.

Na sua opinião, o governo de um desses Estados começa a vacilar quando da ordem civil passa a MONARQUIA  ABSOLUTA.

Aconselha a que o príncipe deve fazer com que seus súditos necessitem sempre do Estado e dele porque a ele se submeterão.

 

ANARQUIA x PRINCIPADOS E REPÚBLICA


Aliada a desordem, característica da natureza humana, existe a presença de duas forças opostas em qualquer sociedade:

a)      Não querer ser dominado nem oprimido pelos grandes,.....e
b)      Os grandes querem dominar e oprimir.

Para Maquiavel só há dois caminhos que respondam à anarquia da natureza humana e ao confronto entre os dois grupos sociais: O Principado ou a República.
A escolha de um ou de outro não é obra do acaso mas recai sobre fatos e situações concretas como se vê:

a)      Nação ameaçada de deterioração, corrupção alastrada = necessita de um governo forte que iniba as forças centrífugas = Principado – não necessariamente um ditador, mas um estadista.
b)      Sociedade equilibrada na qual o poder político cumpriu a função regeneradora e educadora = República. As instituições são estáveis e os conflitos indicam cidadania ativa.

VIRTÙ       X      FORTUNA


Virtù é, como vimos, energia, vontade dirigida para um objetivo.
Fortuna é sorte(boa ou má), acaso ou oportunidade (propícia ou desfavorável). No caso do príncipe é o momento certo, antecipadamente calculado por ele; momento no correr do tempo porém o momento com certeza de êxito garantida pela perspicácia do príncipe.

A crença na predestinação ou fatalidade dominava a muito tempo. A atividade política era uma prática de homens livres, o homem como sujeito da história. Este era um dogma contra o qual Maquiavel teria que lutar.

A fortuna era uma deusa que possuí-a os bens que o homem deseja possuir: honra, riqueza, glória e poder. Era importante seduzi-la antes que outros o fizessem. Como era deusa - mulher era necessário mostrar-se vir homem de inquestionável coragem. Desta forma o homem que possuísse uma virtù no mais alto grau seria agraciado com a fortuna. Maquiavel na sua obra O Príncipe monta um cenário para comprovar que é possível se estabelecer uma aliança com a virtù  pois parece haver um sentido de complementaridade e não de sobreposição.

O poder que nasce da própria natureza humana encontra sua base na força mas o importante é a sabedoria no uso da força; ao governante para se manter no poder não basta ser simplesmente o mais forte – ele deve possuir virtù  para manter o domínio adquirido.


A  Estratégia  em  “O Príncipe”


Como se deve medir as forças de todos os principados?

1)      Deve-se verificar se o príncipe tem condições de oferecer resistência sozinho a quem lhe ataca, isto é, dinheiro e exército para resistir.
2)      Se necessita de ajuda alheia para defender seu trono, ou seja, refugia-se dentro dos muros de sua cidade para defender estes.

Dos principados eclesiásticos

Para conquistá-los basta virtude e sorte e para conservá-los não necessitam nem de uma ou outra coisa, pois as instituições religiosas são tão sólidas de tal natureza que permitem aos príncipes manterem-se no poder seja qual for o modo de procederem ou que vivem.

Diz-se que estes principados são os únicos seguros e felizes.

Obs.: Maquiavel diz isso porque nesta época a Igreja Católica Medieval era muito poderosa, estando acima e no topo da hierarquia máxima do estado medieval.

Dos soldados mercenários

Um príncipe para ter um estado forte é necessário que ele tenha um bom exército e boas leis.

As tropas mercenárias ou auxiliares são inúteis e perigosas, o rei nunca terá tranqüilidade e nem segurança, pois elas são desunidas, ambiciosas, sem disciplina, infiéis, corajosas diante dos amigos e covardes diante dos inimigos e sem temor a Deus. Querem ser soldados do patrão enquanto ele não faz guerra, mas ao romper esta, querem fugir ao compromisso.

Dos deveres de um príncipe para com a milícia

O príncipe não deve cultivar outra arte a não ser a da guerra juntamente com as regras que ela requer para conservar seu estado.

Obs.: “Manter sempre forte seu exército, em sempre estar aliado a ele.”
Das coisas pelas quais um homem ou príncipe são louvados ou censurados

Faça o que for necessário para não cair em ruína o seu trono, mesmo que seja censurado.

Na escolha, do que se deve fazer, encontrará algo com aparência de virtude, que cuja adoção lhe trará a ruína, e algo com aparência de defeito que o conduzirá a uma situação de segurança e bem-estar.


De que maneira os príncipes devem cumprir suas promessas

1º  Só deverá cumpri-las se forem benéficas.

Saiba que existe dois modos de combater: é pela lei ou pela força, não sendo muitas vezes suficiente a primeira convém recorrer a segunda.

Um príncipe sábio não pode e nem deve manter-se fiel as suas promessas quando extinta a causa a que o levou fazê-las. Este preceito não servia se todos os homens fossem bons, como são maus por isso faltariam com a palavra que deram e nada impede que venhamos faltar com a nossa também.

Justificativa para o não cumprimento da promessa feita. “Os homens em geral formam suas opiniões guiando-se pela vista, do que pelo tato; vê o que parecemos ser, e não sentem o que realmente somos.

Os homens são tão simplórios e obedecem de tal forma as necessidades presentes que aquele que engana encontrará sempre quem se deixe enganar.

É necessário a um príncipe que ele tenha um espírito pronto  adaptar-se as variações das circunstâncias e da fortuna e manter-se quanto possível no caminho do bem, mas pronto igualmente a enveredar pelo do mal, quando for necessário.

Como se deve evitar o desprezo e o ódio

O príncipe deve em geral abster-se de praticar o que o torne malquisto ou desprezível.

O que acarreta ódio dos súditos é usurpar os seus bens e as suas mulheres, pois os homens vivem contentes enquanto ninguém lhes toca nos haveres e na honra.

O desprezo incorre quando os seus governados o julgam, inconstante, leviano e irresoluto.

Tem de ter o máximo de cuidado, esta reputação é perigosa, seus atos devem ser de grandeza, coragem, austeridade e vigor.

Como deve portar-se um príncipe para ser estimado

Torna-se estimado quando sabe ser verdadeiro amigo ou inimigo, isto é, quando abertamente se declara a favor de alguém e contra outrém, é sempre melhor que manter-se neutro.

Deve mostrar-se também amante da virtude, premiando os homens que se sobressaiam.

Deve incutir nos seus súditos a idéia que poderão praticar seu ofício em paz, seja no comércio, agricultura, ou qualquer outro, para que estes não criem outros ramos de atividades para fugir dos impostos. “Idéia de Liberalismo.”
Deve distrair o povo com festas durante certas épocas do ano e manter o controle sobre os grêmios ou corporações que divide a cidade. “Idéia de pão e circo.” “Futebol”.

 

PRINCIPADOS


“Território ou Estado cujo soberano é um príncipe ou princesa.”

Podem ser Hereditários ou Novos.

Maquiavel não atribuía interesse aos Principados Hereditários, pois são demasiados estáveis, demasiado fáceis, pois basta ao Príncipe “não ultrapassar os limites estabelecidos pelos antepassados e contemporizar com os acontecimentos”.

As verdadeiras dificuldades, tanto para conquistar quanto para conservar encontram-se nos principados novos.

Maquiavel propôs um código prático de anexação, devendo-se levar em conta na avaliação o modo de governo, se é despótico (tirano), aristocrático (nobreza) ou se é republicano (livre).

Maquiavel se move no domínio do fato, isto é a força, pois o triunfo do mais forte sendo o fato essencial da história humana, e isto era bastante natural para Maquiavel e seus contemporâneos, é um fato natural, banal.

“O desejo de conquistar é sem dúvida algo de ordinário e natural, e todo aquele que se entrega a tal desejo, quando possui os meios para realizá-lo é antes louvado que censurado; mas formar o desígnio sem poder executá-lo é incorrer na censura e cometer um erro ...”

Precisa-se Ter forças para conquistar, assim para conservar.

A razão primeira e última da política do príncipe é o emprego dessas forças de guerra.

Para todo Estado antigo, novo ou misto, “as principais bases são: boas leis e boas armas.”

Não há boas leis onde não há boas armas.

Boas armas, boas tropas, são apenas as que pertencem ao príncipe, compostas de seus cidadãos, de seus súditos, de suas criaturas.

Para Maquiavel existem quatro maneiras de conquistar, as quais poderão corresponder à diferentes maneiras de conservar ou de perder.
a)      Conquista pela própria “Virtu” (energia, vigor, resolução, talento, valor bravio e se necessário feroz);
b)      Conquista pela Fortuna e pelas armas alheias;
c)      Conquista pela Perversidade;
d)     Conquista pelo Consentimento dos concidadãos.

Maquiavel interessa-se mais pelas duas primeiras maneiras.

Os que se tornaram príncipes pela própria “Virtu” e pelas próprias armas, conhecem muitas dificuldades para conquistar e instalarem seus principados, para nele se radicarem, mas depois encontram muita facilidade para conservá-lo.

Os Principados conquistados com as armas alheias, isto é, pela fortuna, a regra é inversa: facilidade para conquistar, dificuldade para conservar.

É também possível tornar-se Príncipe por meio das perversidades: Para Maquiavel existem dois tipos de crueldades: as bem praticadas e as mal praticadas.

As bem praticadas, são as que se cometem todas ao mesmo tempo, no início do reinado a fim de prover a segurança do novo Príncipe. Parecem menos amargas, ofendem menos.

As crueldade mal praticadas são aquelas que se arrastam, se renovam, e pouco numerosas no princípio se multiplicam com o tempo em vez de cessarem. Os súditos perdem então o sentido de segurança.

Tenha o cuidado de ofender os impotentes se possível. Se é obrigado a ofender os poderosos, seja radical na ofensa.
A conquista pelo fator dos concidadãos exige alguma fortuna e alguma “virtu”. Ora é o povo, ora são os grandes que assim constituem um Príncipe.

O Príncipe elevado pelos grandes – que se julgam seus iguais, que são insaciáveis, e aos quais não domina – encontra uma dificuldade em manter-se  do que um Príncipe elevado pelo povo.

O Príncipe elevado pelos grandes, contra a vontade do povo, deverá fazer tudo para se reconciliar o quanto antes com o povo.

Fica transparente a preferência de Maquiavel pelo povo e sua hostilidade para com os grandes.

Maquiavel não se interessa por estes principados chamados de “civis” e nem pelos Eclesiásticos, que adquirem pela fortuna, e para conservá-los não precisa nem de fortuna e nem de “virtu”. Basta o poder das instituições religiosas.

Distinção entre os Estados a conquistar:

Despótico: Difícil de conquistar porque todos os súditos se agregam ao redor do Príncipe e nada tem a esperar do estrangeiro. É fácil conservar, bastando para isso extinguir a raça do Príncipe.

Aristocrático: Fácil de conquistar. Sempre tem descontentes prontos para abrir o caminho para o estrangeiro. Difícil de conservar, pois não é possível satisfazer a todos os grandes e nem extinguí-los de todo.

República: Difícil de manter. Existe um princípio de vida mais ativo, um ódio mais profundo, um desejo de vingança muito mais ardente, causada pela lembrança da antiga liberdade.

Maquiavel não consegue ocultar sua preferência, ternura e admiração pelos governos livres.

Os três meios para domar a liberdade republicana são:

a)      Venha o Príncipe residir nas terras conquistadas para reprimir as desordens;
b)      Governe o país conforme suas leis, pelos próprios cidadãos recebendo um tributo.
c)      O  meio radical: destruir, aniquilar a antiga e incurável República.

EM  O  PRÍNCIPE


Maquiavel aproveitou a ocasião de mostrar o perfil de César Borgia, tipo de príncipe novo, modelo de virtuosidade política, em oposição a Luís XII, príncipe hereditário que acumula as faltas. O principal da obra está nos capítulos XV a XX, e que constituem a essência do maquiavelismo. Subentende-se  os deveres do príncipe cristão.  O novo príncipe vive no seio do perigo, acompanhando-o dois receios:
1)      o interior de seus estados e o proceder dos súditos;
2)      o exterior e os disignios das potências circundantes.

O príncipe deve aprender a não ser sempre bom, a ser ou não ser bom “conforme a necessidade”. O príncipe deve conservar o seu reino.

O autor está desiludido com ou outros homens. Distingue perfeitamente o bem e o mal,  e que até preferiria o bem, mas que recusa fechar os olhos ante o que julga ser a necessidade do Estado, ante o que julga serem as sujeições da condição humana.

Para um príncipe ser considerado liberal, generoso é bom, todavia ser parcimonioso é um dos vícios que fazem reinar. Igualmente o príncipe deseja ser considerado clemente, mas é a crueldade que restabeleceu a ordem e a união na Romagna. Donde surge a questão clássica: Mais vale ser amado que temido, ou temido que amado?  É melhor ser temido. Porque? Os homens são ingratos. O vínculo do amor rompem-no ao sabor do próprio interesse, enquanto o temor se conserva por um medo do castigo, que jamais os abandona. Ser temido não significa ser odiado. Há uma singela receita para evitar o ódio: é  abster-se de atentar, seja contra os bens dos súditos, seja contra a honra de suas mulheres.

Os príncipes que fizeram grandes coisas violando a sua fé, impondo-as aos homens pela astúcia, é que acabaram por dominar aqueles que se baseavam na lealdade.

O príncipe deve escolher por modelo a raposa e o leão. Deve tratar de ser simultaneamente a raposa e leão, pois, se for apenas leão, não perceberá as armadilhas; se for apenas raposa, não se defenderá contra os lobos. Quando se é príncipe, pode-se “deixar de encontrar razões legítimas para colorir a falta de cumprimento” do que se prometeu.

O novo príncipe deve observar em jamais tornar poderoso outro príncipe, pois seria trabalhar para sua própria ruína. Também o novo príncipe não se deve permanecer neutro, pois os que abraçam esta posição quase sempre vão a ruína.

Somente um príncipe já sábio por si mesmo pode ser bem aconselhado. Deve tomar conselho quando quer e não quando outros o querem. Jamais se deixar dominar por aqueles que o aconselham. Um bom ministro é aquele que nunca pensa em si mesmo, mas sempre no príncipe. Mas o príncipe também deve pensar neste seu ministro, cumulando-o de  riquezas, de consideração, de honras e dignidades, para que receie toda mudança.

O SEGREDO DE MAQUIAVEL.

Nos últimos 03 capítulos de O Príncipe (sobretudo no XXVI), Maquiavel revela seu grande segredo: A Itália. Um violento amor da pátria despedaçada, subjugada e devastada. O sonho de um libertador, de um redentor da Itália atormenta Maquiavel.
No capítulo XXIV, manifesta Maquiavel seu desprezo aos príncipes italianos, tais como o rei de Nápoles, o Duque de Milão, que, após uma longa posse, perderam seus Estados.

No  último capítulo (XXVI), diz o autor que na Itália, nunca as circunstâncias foram tão favoráveis a um príncipe novo que queira “tornar-se ilustre”.

 

O DESTINO DA OBRA


Lourenço de Médicis recebeu O Príncipe em manuscrito. Não lhe dispensou atenção alguma. Nas mãos de contemporâneos onde circulou o manuscrito, o interesse foi medíocre.

A partir de 1519, recupera Maquiavel certo favor dos Médicis, mas devido sua reputação de funcionário prudente, de hábil político, e não por causa de O Príncipe. Recebe uma pensão para escrever a sua História de Florença. Em 1527 os Médicis são de novo expulsos de Florença, restabelecendo-se a República, e a 22 de junho de 1527, aos 58 anos de idade, NICOLAU MAQUIAVEL falece, vítima de males intestinais.

Quatro anos após sua morte, O Príncipe é publicado, com um breve de autorização do Papa Clemente VI (1531); a edição é dedicada a um cardeal. Inicialmente inofensiva, as edições vão se multiplicando. A Renascença pagã. sucedeu a Reforma protestante, que obrigou a própria Igreja a reformar-se interiormente. Assim o livro de Maquiavel achou-se envolvido nos turbilhões de vastas contendas.  O Cardeal - Arcebispo de Canteerbury, Reginald Pole, católico, julga O Príncipe escrito “pela mão do Demôniuo”.  Em1557, o escrito indigno e celerado denunciado pelo Papa Paulo IV; é condenado pelo Concílio de Trento, e muitas outras acusações. Também os protestantes abominam Maquiavel como jesuíta. Os jesuítas o denunciam à indignação católica.

Porém os soberanos e primeiros ministros, apaixonados do Poder, fazem de O Príncipe, breviário do absolutismo, o livro de cabeceira. Por volta de 1738, Frederico, príncipe real da Prússia, compõe um Antimaquiavel, homenagem de um “filósofo”, de um futuro “déspota esclarecido”, ao idealismo político, ao otimismo do século.

Mas Maquiavel, “simulando dar lições aos reis, deu grandes lições aos povos”.

Napoleão aparece a seus inimigos,  como a realização mais perfeita do príncipe. Maquiavel tem direito à mais fervorosa gratidão da Itália unificada de 1870, e dos democratas do mundo inteiro. Na segunda guerra mundial, julgou-se a derrota de Hitler como a derrota de Maquiavel. Mas a derrota de Hitler é em grande parte a vitória de Stalin. No entanto, a força corrosiva do pensamento e do estilo de Maquiavel ultrapassaram, de infinita distância, o objeto do momento. Por ter realçado tão cruelmente o problema das relações entre a política e a moral; por ter concluído, em uma cisão profunda, uma irremediável separação entre elas,

O Príncipe atormentou a humanidade durante quatro séculos. E continuará a atormentá-la, senão eternamente”, como se disse, - ao menos enquanto essa humanidade não tiver analisado inteiramente certa cultura moral, herdada, no que diz respeito ao Ocidente, de alguns Antigos célebres, e, sobretudo, do cristianismo.
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Sociologia.:. Lutas das Épocas, a Verdade Sobre Elas.

1 -  O QUE PARECE, MAS NÃO É

INVASÃO HOLANDESA - A LUTA DOS ESTRANGEIROS

      Com a expulsão dos holandeses da Bahia, a Companhia das Índias Ocidentais, teve grandes prejuízos econômicos. Uma poderosa esquadra foi aparelhada para atacar Pernambuco, em conseqüência da produção açucareira. O governador Matias de Albuquerque não dispunha de forças suficientes para resistir: fugiu, então, para o interior, onde fundou o Arraial do Bom Jesus. Para combater os holandeses, adotou a tática da guerrilha, que estava dando bons resultados até que Calabar decidiu auxiliar os holandeses.
      Maurício de Nassau realizou uma habilidosa administração, fazendo diminuir a revolta dos luso-brasileiros contra a ocupação holandesa.
      Na Batalhas de Guararapes, os holandeses foram obrigados a render-se.
      Um fato pouco discutido na história do Brasil é a forte presença dos judeus em Pernambuco. A sociedade pernambucana era dividida em escravos e senhores. Os judeus eram comerciantes e artesãos. Os judeus preferiam os holandeses, porque prometiam espaço econômico e político, mas acabavam vítimas da repressão holandesa, sendo seus cultos proibidos e as sinagogas fechadas. Seu líder era o rabino Isaac Aboab da Fonseca. Expulso, partiu em 12 de setembro de 1624, acompanhado de vários membros da antiga comunidade. Foram para o norte da América e fundaram a cidade de Nova Iorque.
      O estudo histórico afirma que a luta contra os holandeses criou um sentimento favorável aos nativos como índios, negros e brancos que defenderam a pátria, em comum amor por sua terra. Como conseqüência aclamaram Amador Bueno, em São Paulo no ano de 1641, como se refugiando no mosteiro São Bento para não morrer.
      A rebelião conhecida como Nosso Pai, em 1666, em Pernambuco era para libertar Pernambuco de Portugal. O capitão-general Jerônimo Furtado de Mendonça foi derrotado, preso e mandado para a Europa e ficou encarcerado numa fortaleza na Ásia.
      Essa invasão, a holandesa envolveu muitas pessoas e muitas foram mortas. Criou heróis como Filipe Camarão e Henrique Dias.

BECKMAN - A LUTA DA NOBREZA

      Foi liderada pelo senhor de engenho Manuel Beckman e seu irmão Tomás, tendo como palco o Estado do Maranhão, em São Luís em 25 de fevereiro de 1684.
      O motivo foi a falta de mão-de-obra, porque poucos negros chegavam ao Maranhão e os índios não podiam ser escravizados. Isso criou vários choques entre colonos e religiosos deste 1624, antes da rebelião de Beckman.
      Chega no Maranhão, em 1653, padre Vieira. Em 1655, atribui aos jesuítas os cuidados dos negócios indígenas. Em 1661, há um sério conflito, e os jesuítas são expulsos. Em 1667, sobe ao trono o rei D. Pedro II e os jesuítas voltam a ter influência, e padre Vieira obtém do rei um decreto dando liberdade aos índios.
      Sem índios escravos, falta mão-de-obra, então a Companhia de Comércio oferecia-se  mandar alimentos importados e a comprar a produção maranhense. Mas isso não aconteceu pois, não chegavam os produtos e os negros eram poucos e o valor era alto.
      Um novo governador foi enviado, Gomes Freire de Andrade, que chegou para aplicar duras penas aos líderes rebeldes. Manuel Beckman e mais dois chefes do movimento foram enforcados.

EMBOABAS - A LUTA PELO OURO

      Os paulistas abriram os sertões para descobrir ouro e os portugueses injustiçados com a ambição dos paulistas, provocou conflitos e isso gerou a Guerra dos Emboabas. Os portugueses eram conhecidos como emboabas. A guerra começa com o cerco de Sabará pelos emboabas, incendiando aldeias e matando pessoas. Os paulistas procuram desforra. Ocorreu uma sangrenta matança de diversos paulistas, no chamado Capão da Traição, não importa quem o consiga, ou paulistas ou emboabas. O final da Guerra dos Emboabas foi desfavorável aos paulistas. Quando voltam derrotados são chamados de covardes e retornam à luta para vencerem.
      A guerra durou dois anos (1708 a 1710) e o que os paulistas queriam era apenas o ouro.




MASCATES - A LUTA DOS COMERCIANTES

1º Os senhores de engenho foram incapazes de imaginar sua fortuna entrando em declínio, em função da queda dos preços do açúcar no mercado europeu. Sofrendo a crise dos preços do açúcar , os senhores de engenho começaram a recorrer aos mascates. Enquanto os mascates prosperavam nos seus negócios, os senhores de engenho tornavam-se, dia-a-dia, mais endividados.
2º Conscientes de sua importância como classe social, os comerciantes do Recife solicitaram ao rei de Portugal, que seu povoado fosse elevado a categoria de vila. Queriam ver Recife dona de sua própria Câmara Municipal, independente de Olinda, para a qual devia impostos e obediência administrativa.

      Para garantir suas posses os senhores brasileiros fizeram a guerra. Ao final do conflito, os mascates saíram vitoriosos.

BALAIADA - A LUTA DOS QUE NÃO SABEM

      Foi uma revolta popular ocorrida na Província do Maranhão entre 1838 a 1841. Envolveu grande número de sertanejos. Teve início com uma luta que envolveu pessoas de dois grupos políticos opostos: os bem-te-vis, que defendiam posições liberais, e os cabanos, que defendiam posições conservadoras.
      Raimundo Gomes Vieira, conhecido como Cara Preta, aproveitou um incidente ocorrido em 13 de dezembro de 1838, na Vila da Manga, para provocar a luta e resolveu assaltar a cadeia, para libertar os presos.
      A luta entre bem-te-vis e cabarros alastrou-se pelo sertão de todo a Província, e o líder oposicionista Raimundo Teixeira Mendes é assassinado.
      Manuel dos Anjos Ferreira, fabricante de balaio, e por isso apelidado de Balaio, foi à luta porque queria vingança. É bem característico dos balaios, pois todos queriam vingar-se de alguma coisa.
      Em julho de 1839, os balaios conseguiram conquistar a cidade de Caxias, no interior maranhense.
      Para conter a revolta dos balaios, o Governo Regencial enviou tropas. A esta altura, os próprios políticos bem-te-vis, perdendo o controle sobre os sertanejos, resolveram apoias as tropas governamentais. Tais tropas eram comandadas, em 04 de fevereiro de 1840, pelo Coronel Luís Alves de Lima e Silva, o futuro duque de Caxias que, sem muita dificuldade, conseguiu controlar a região.
      Os principais chefes da Balaiada foram:
¦ Manuel dos Anjos Ferreira: fazedor de balaios
¦ Cosme Bento das Chagas: líder dos escravos fugitivos
¦ Raimundo Gomes: vaqueiro
     
      Raimundo Gomes continuou lutando, sendo preso e morreu no navio que o levava a São Paulo.
      Cosme, foi capturado vivo, foi morto por enforcamento.
      Em 13 de maio de 1841, Caxias dava por finda a repressão.

2 - INDEPENDÊNCIA OU MORTE?
INCONFIDÊNCIA MINEIRA - A LUTA DOS POETAS E RICOS

      Dona Maria I, rainha de Portugal, por um alvará de 1785 proibiu quaisquer manufaturadas do Brasil. Dentro os fatores que tornaram precária a situação econômica de Portugal, no séc. XVIII, conta-se o célebre Tratado de Mthuen. (1703).
      Esse tratado em questão, aparentemente favorável a ambas as partes, estipulava o seguinte:

¦ ficariam os portos de Portugal abertos aos tecidos de origem inglesa
¦ os vinhos portugueses passariam a pagar, na Inglaterra, apenas 2/3 dos direitos de importação que pesavam sobre os demais.

      O famoso Marquês de Pombal, dirigiu a partir de 1750 os destinos de Portugal. O ouro,  que há muito tempo vinha sendo explorado, estava diminuindo e o trabalho dos mineiros foi-se tornando cada vez menos rendoso. Em Minas Gerais, contudo, deviam os mineradores responsabilizar-se por um mínimo de cem arrobas, quando havia atraso no pagamento as autoridades procediam à Derrama, ou seja, a cobrança de todos os impostos atrasados.
      Devido a isso, começou-se a Inconfidência Mineira. Foi na verdade uma rebelião de gente rica.
      Os grandes inconfidentes eram homens de famílias abastadas que lutavam para implantar a democracia e a livre-concorrência econômica.
      Participavam desse grupo:

¦ Cláudio Manoel da Costa: minerador, poeta e escritor
¦ Alvarenga Peixoto: minerador latifundiário
¦ Tomás Antonio: poeta
¦ Joaquim José da Silva Xavier: alferes

      O projeto dos inconfidentes incluía medidas como:

¦ Constituir uma República
¦ Instalar uma Universidade
¦ desenvolver manufaturas no País
¦ estimular a agricultura, doando terras as famílias pobres

      Belos planos, mas que foram por água abaixo, porque entre eles havia um traidor chamado Joaquim Silvério dos Reis. Ele contou tudo ao governador, este, para que a revolta não estourasse, mandou suspender a cobrança dos impostos atrasados, a derrama, porque sem a derrama os inconfidentes perdem o maior motivo para sensibilizar o povo e estimular o apoio à revolta.
      O resultado foi a prisão de Tiradentes em 10 de maio de 1789, no Rio. Os outros foram presos em Minas, dias após.
      Depois de muitos interrogatórios, saiu a sentença: Tiradentes foi condenado a morte e os outros foram expulsos do Brasil e mandados para a África.
      Tiradentes foi enforcado, seu corpo dividido em partes colocados em postes e sua cabeça apodreceu em Vila Rica.
      Apesar de todas as atrocidades, a chama da liberdade que Tiradentes acendeu não se apagou. Haveria ainda outras lutas, até que o sonho de independência dos inconfidentes de tornasse realidade.





A REPÚBLICA DE 1817

A LUTA DE “QUASE” TODOS



                                     No século XIX, apesar de todas as lutas, o Brasil ainda era colônia de Portugal. As idéias de independência e revolução se espalhavam, então, o governador de Pernambuco, sabendo dos planos através de uma denúncia, mandou prender os líderes do movimento. O general Barbosa de Castro, que estava encarregado de prendê-los, foi morto no próprio quartel. Ao saber, desta notícia, o Governador mandou Alexandre Tomás submeter os rebeldes, este, porém, também foi recebido a tiros, morrendo em seguida.
                                     Em 8 de março de 1817 estava constituído um governo republicano em Recife. Em 19 de março a Paraíba instala a sua República. Nos dias 02 e 15 de maio ocorreram combates de Utinga e Pindoba. O governo republicano renuncia e a 20 de maio de 1817 os portugueses esmagam a República.
                                     Em seguida, foi constituído um Governo Provisório que tinha como propostas básicas:
      - proclamar a República;
      - abolir alguns impostos;
      - elaborar uma Constituição.
                                     Essa Constituição, estabelecia a liberdade religiosa e de imprensa, bem como a igualdade de todos perante a lei. Não querendo ferir os interesses dos senhores de engenho, os revolucionários pernambucanos adotaram, quanto à escravidão negra, uma posição que contrariava a ideologia liberal de Revolução. Diziam desejar a abolição da escravidão, mas de forma “lenta, regular e legal”.
                                     Todos os líderes do Movimento, entre eles Teotônio Jorge, José de Barros Lima, Pedro de Sousa em 10 de julho de 1817. Muito sangue correu, era o governo português mantendo a todo custo, o seu poder.





CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
 a luta contra a contra - revolução

                                     Em 1821 João VI volta para Portugal, e os portugueses reorganizam as formas de explorar a colônia. A burguesia mercantil queria liberdade comercial. Com a presença inglesa cada vez mais forte na economia brasileira, era claro que um dos dois grupos, a burguesia mercantil ou os brasileiros republicanos faria a independência.
                                     As coisas começam a mudar. Mesmo José Bonifácio, chamado de Patriarca da Independência só acerta a causa da separação de Portugal em agosto de 1822.
                                     O 7 de setembro foi mais um golpe contra-revolucionário para esmagar as insurreições libertárias e republicanas que um ato contra Portugal. Foi um ato contra-revolucionário que enfraqueceu a verdadeira revolução libertária, atrelando o Brasil à Inglaterra e mantendo as mesmas relações econômicas e políticas da colônia, permanecendo os privilégios dos grandes senhores latifundiários e da burguesia mercantil: posse da terra, da administração e dos escravos.
                                     Seguro no poder, Pedro I trai seus compromissos políticos, ao dissolver a Assembléia Constituinte de 1823 e outorgar uma Constituição.
                                     Em 1824, surge a insurreição conhecida como Confederação do Equador, que é o movimento revolucionário pernambucano que se manifesta em reação à política absolutista de D. Pedro I.
                                     A trincheira do veterano das revoluções libertárias foi ocupada por Frei Caneca, que atacava D. Pedro I, classificando o Poder Moderador com a “chave da opressão da Nação Brasileira”.
                                     Ao tomar conhecimento das proporções do movimento revolucionário que se espalhava pelo Nordeste, D. Pedro I, rapidamente, tratou de organizar tropas militares para impedir que a Confederação do Equador se impusesse como uma realidade definitiva.
                                     Por altos preços, o Imperador contratou uma esquadra naval, comandada pelo escocês Lorde Cochrane, uma força terrestre comandada pelo brigadeiro Lima e Silva para matar os revoltosos.
                                     Em 12 de setembro de 1824, soldados vencem os confederados em Recife, que fogem para Olinda e rendem-se.
                                     Diversos líderes do movimento foram presos e condenados à morte; outros conseguiram fugir.
                                     Entre os condenados estava frei Caneca que recebeu a pena de enforcamento. Esta pena, contudo, foi transformada em fuzilamento, porque não havia em Pernambuco nenhum carrasco que se dispusesse a levar o frei à força. E, assim, a violência oficial sufocou a Confederação do Equador.
                                     Assim, em 7 de setembro de 1822, foi proclamada a Independência, rompendo-se oficialmente os laços da dominação política portuguesa.

3 - O POVO SEDUZIDO

SABINADA - a luta bem falada
                                     Os liberais de Salvador estavam agrupados e deram origem às idéias que iriam desembocar na rebelião conhecida como SABINADA.
                                     O plano de sabinos era proclamar uma República na Bahia, mas eles não pretendiam que o regime republicano vigorasse para sempre. Este duraria enquanto o rei-menino fosse menor e estivesse impossibilitado de assumir o poder.
                                     As camadas inferiores da população não participaram da Sabinada. Era portanto, uma revolta da camada média.
                                     Há pontos em comum entre os Sabinos e os Farrapos. O líder farroupilha Bento Gonçalves esteve preso em Salvador, onde influiu sobre o ânimo dos baianos. Os Sabinos eram ideológicos e os Farrapos mais pragmáticos.
                                     A Sabinada obtém a vitória em 7 de novembro de 1837 com a adesão de parte das tropas do governo. O Império contra-ataca e vence em 15 de março de 1838. Sabino foi deportado para o Mato Grosso, onde morreu.


FARROUPILHA - a luta traída em Porongos


                                     A Revolução Farroupilha, também conhecida como a Guerra dos Farrapos, foi a mais longa revolta de todo o período regencial e imperial e ocorreu na Província do Rio Grande do Sul.
                                     Os motivos de ordem econômica estão entre suas principais causas: o R.S. era um grande produtor de charque. O seu mais importante centro consumidor eram as Províncias do Nordeste. Os produtores gaúchos reclamavam do Governo Central uma maior proteção para o seu negócio , em da concorrência que sofriam de Países como o Uruguai, a Argentina e o Paraguai que exportavam para o Brasil. Reclamavam também dos baixos preços para os seus produtos, dos autos impostos, etc...
                                     Num manifesto de 29 de agosto de 1938, Bento Gonçalves, com razão, denunciava o assalto do Governo Central contra o Rio Grande, pois o Rio Grande estava sendo descapitalizado, transformando numa estalagem do Império.
                                     Cresce-se a essa situação uma estiagem em 1832, prejudicando toda a colheita e seca as pastagens, matando o gado. Em 1833, enchentes que alagam as terras baixas. Em 1834, uma praga de carrapatos atacam os animais.
                                     A temperatura política começa a ferver no início de 1835, quando se instalou a Assembléia Legislativa. As hostilidades dos farroupilhas contra Fernandes Braga, culminaram, no dia 20 de setembro, com choques armados nos arredores de Porto Alegre. Feijó preferiu, entretanto, enfrentar Bento Gonçalves, enquanto Fernandes Braga Foge para o Rio Grande. O Governo Central nomeia Araújo Ribeiro, que não consegue tomar posse, então Bento Manuel Ribeiro abandona os farrapos e luta pelo governo. 
                                     Em 1837, Bento Gonçalves conseguiu fugir.
                                     A República de Piratini luta contra o Império. Tempo depois, Bento Gonçalves está de volta, liderando a guerra. Garibaldi aparece, funda-se em Santa Catarina a República Juliana.
                                     Desde 1842 que o futuro duque de Caxias está no governo do Rio Grande, enviado pelo Império. É um grande organizador. Refaz o exército imperial, celebra acordos com Manuel Oribe. E ao seu lado está Bento Manuel Ribeiro.
                                     Em 26 de maio de 1843, acontece a Batalha de Ponche Verde, que os farrapos vencem, comandados por Davi Canabarro. Em 1845, foi assinado um tratado de paz entre as tropas imperiais. Os farrapos aceitam o acordo. Eis alguns dos seus artigos:          
      - o indivíduo indicado presidente da Província é aprovado pelo Governo Imperial.
      - os oficiais republicanos que forem indicados passarão a pertencer ao Exército do Brasil no mesmo posto, e os que não quiserem pertencer ao Exército não serão obrigados a servir.
      - todos os cativos que serviram a República, terão direito à liberdade.
      - em toda sua plenitude, será garantida a segurança individual e de propriedade.
      - Governo Imperial tratará da linha divisória com o Estado Oriental.
                                     Os farrapos evitam os escravos na suas tropas, porque em caso de vitória, podem causar mudanças na situação, mas na guerra, os farrapos incorporam os negros às tropas com vigilância especial. Os negros não chegavam a oficiais porque eram comandados por brancos.
                                     Em 14 de novembro de 1844, acontece a batalha de Porongos que é a forma arranjada entre Caxias e Canabarro para exterminar os negros.
                                     A Revolução Farroupilha termina com o extermínio de negros escravos, onde escondem-se dois heróis sob a capa da traição para entrar na história usando o poder.


CABANADA - a luta dos posseiros


                                     Foi uma grande revolta popular. Dela participaram pessoas vindas da camadas mais pobres da sociedade.
                                     Tratava-se dos cabanos, uma extensa multidão de pessoas humildes, constituída de negros, índios e mestiços que moravam em cabanas, quase todos viviam à beira dos rios, em estado de absoluta miséria.
                                     A revolta dos cabanos era, portanto, uma tentativa para modificar aquela situação de injustiça social de que eles eram vítimas.
                                     É ela um dos mais, senão o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, apesar da falta de continuidade que o caracteriza, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou da simples agitação para uma tomada efetiva do poder.

PRAIEIRA - a luta das contradições


                                     Foi a revolta dos liberais exaltados de Pernambuco que constituíam o Partido da Praia.
                                     Em 1848, o partido dos liberais exaltados indispôs-se contra a situação de Pernambuco, onde o poder econômico era dominado pela aristocracia rural e pelos comerciantes portugueses. O povo em geral vivia em permanentes dificuldades econômicas.
                                     Em 7 de novembro de 1848 começa a insurreição.
                                     Foi na Revolução Praieira que , pela primeira vez no Brasil, as influências socialistas modernas se fizeram sentir. O Manifesto do Mundo, publicado a 1º de janeiro de 1849, revela a influência dos movimentos socialistas europeus e, sobretudo, da insurreição operária de 1848 na França. Apesar da omissão quanto ao trabalho escravo, entre as medidas propostas constavam o voto livre e universal, a liberdade de imprensa, o trabalho como garantia de vida para o cidadão, a extinção do Poder Moderador e a Reforma do Poder Judiciário para garantir os direitos individuais.
                                     O líder da Cabanada, Vicente de Paula, tem papel destacado na perseguição aos praieiros Pedro Ivo e Caetano Alves.
                                     O movimento começou em 7 de novembro de 1848 e foi sufocado em 4 de abril de 1849, com a rendição em Água Preta. Em 28 de novembro de 1851 o Império da anistia aos praieiros.


4 - O POVO VAI À LUTA
ÍNDIOS - a luta de quinhentos anos

                                     É muito comum ouvir falar em Descobrimento do Brasil. Essa expressão refere-se ao fato de os portugueses terem encontrado uma terra que até então (1500) era desconhecida dos europeus. Em 1500, portanto, o Brasil foi descoberto para os europeus.
                                     Todos sabiam que já viviam milhões de índios,  portanto, esta terra não era desconhecida e sem dono. Ela estava distribuída entre os numerosos grupos indígenas que a ocuparam. É verdade que a idéia de posse e propriedade, no caso dos índios, não tem mesmo sentido que tinha para os portugueses e que ainda tem para nós, ou seja, o sentido de propriedade privada.
                                     O território pertencia aos índios, era ocupado por eles, assim, a presença dos portugueses foi uma ocupação, uma invasão. Os europeus julgavam que os povos “não civilizados” não tinham os mesmos direitos que eles, como o da posse das terras. Os europeus consideravam-se donos do mundo e achavam que todos os outros povos deviam seguir as leis que existiam na Europa. A hostilidade e as guerras dominaram o relacionamento entre portugueses e índios. Estes foram exterminados pela ambição e sede de lucros dos invasores que, achando-se no direito de ocupar a nova terra, foram destruindo tudo o que encontravam pela frente.
                                     Ainda hoje existe a idéia de que os índios são seres inferiores, que não têm os mesmos direitos que os brancos. É essa a mentalidade que nos foi transmitida pelos colonizadores.
                                     Seria muito mais fácil para eles justificar o extermínio dos índios se estes fossem considerados seres inferiores, sem nenhum direito, nem mesmo à vida.
                                     O mundo do índio começou a desmoronar no momento do encontro com o branco. Este considerava-se superior, dono da verdade, com direito sobre a terra, a liberdade e a própria vida do índio. Os conquistadores europeus chegaram ocupando a terra do índio, obrigando-o a trabalhar em troca de objetos de pouco valor e matando quem resistisse.
                                     Diante dos invasores portugueses, os índios reagiram violentamente, promovendo uma guerra sem tréguas contra o invasor branco, tentando expulsá-lo do Brasil. Essa foi a primeira reação dos indígenas quando perceberam as intenções dos portugueses, de tomar conta da terra, dominando tudo.
                                     No confronto armado os índios levaram a pior pois viviam dispersos e não tinham como unir-se para enfrentar os invasores, suas armas eram menos poderosas que as dos portugueses, que já tinham aramas de fogo.
                                     Não podendo vencer e expulsar os portugueses, muitas tribos indígenas tentaram conviver pacificamente com eles. Nesse caso, também os índios levaram a pior, porque, foram obrigados a abandonar os costumes de sua gente, e a trabalhar para os brancos como escravos, e ainda ficaram sujeitos a todas as doenças dos brancos, contra as quais seus organismos não tinham defesa.
                                     Aqui também o resultado foi o extermínio do índio, embora de forma mais lenta do que na guerra.
                                     Sem poder enfrentar o branco na guerra e não querendo conviver pacificamente com ele, muitos indígenas resolveram fugir para o interior do Brasil na tentativa de manter um modo de vida próprio, longe dos invasores.
                                     Mesmo assim os índios se deram mal, pois os invasores organizavam expedições armadas para aprisioná-los com o objetivo de os escravizar.
                                     Como se vê, de uma forma ou de outra, os índios saíram perdendo em sua luta contra os portugueses. Hoje, os poucos índios que restam, tentam manter em suas mãos as poucas terras que ainda possuem. Para isso estão lutando para que essas terras sejam demarcadas, isto é, tenham diversas bem claras, para impedir a invasão dos fazendeiros e das grandes empresas agropecuárias.


NEGROS - a luta inconclusa


                                     Um fator, decisivo para a substituição do trabalho indígena, foi a baixa produtividade.
                                     Além de lutar tenazmente contra a escravidão, o índio era mau trabalhador, de pouca resistência física e baixíssima eficiência. Além disso, não sabia trabalhar metais, apenas atingira o estágio da pedra polida, e só conhecia métodos muito rudimentares de cultivo. Não podia, por isso, adaptar-se às técnicas requeridas na grande lavoura. A escravidão negra foi a solução alternativa.
                                     Os negros não eram considerados pessoas, mas simples mercadorias, coisas. Por isso não eram contados como gente-dois homens, dez homens - mas vendidos em peças e em toneladas.
                                     Eram as “peças das Índias”, “peças da  África”, as “toneladas de negros” representando os “sopros de vida”, “os fôlegos vivos”.  A própria forma como se comercializavam os negros africanos era reflexo da sua desumanização: não se vendia um negro, dois negros, vendiam-se peças; uma peça não significava um negro, como uma tonelada não significava mil quilos de negros.
                                     O quilombo de Palmares durou 57 anos.
                                     Palmares surgiu no início do século XVII e começou a crescer bastante por volta de 1630, onde o domínio holandês em Pernambuco e a subsequente resistência dos luso-brasileiros ao invasor resultaram na desorganização das lavouras com a fuga de escravos que se intensificou.
                                     Quando conseguiam fugir reuniam-se em comunidades chamadas quilombos. O quilombo era formado por aldeias, chamadas mocambos.
                                     Palmares chegou a ter milhares de habitantes negros e seu principal comandante foi Zumbi.
                                     A Guerra dos Palmares foi uma das mais importantes do Brasil Colonial. De 1644, quando aconteceu o primeiro ataque, até 1695, quando o Zumbi foi assassinado, Palmares foi atacado mais de trinta vezes.
                                     A morte de Zumbi, segundo Domingos Jorge Velho, teria acontecido em 20 de novembro de 1695.
                                     Zumbi morreu, mas seus ideais de liberdade permaneceram vivos; novos quilombos foram organizados e os escravos continuaram lutando pela sua libertação.
                                     Fugindo ao esquema das demais revoltas ocorridas durante o período regencial, uma rebelião de escravos sacudiu a Bahia em 1835. Havia muitos que pertenciam a nações de cultura islâmica, como os haussas e os nagôs.
                                     O nome malê, alias, designava os negros que sabiam ler e escrever em árabe.
                                     A profusão de periódicos abolicionistas correspondia à realidade de um movimento que estava longe de ser homogêneo. Varias correntes e opiniões contraditórias coexistiam no movimento. Os moderados cujo melhor exemplo é sem duvida a figura de Joaquim Nabuco temiam as agitações sociais e achavam que a luta pela abolição deveria se processar institucionalmente, entre as paredes do Parlamento.
                                     Primeiro a captura na própria África, depois a travessia do Atlântico, nos tumbeiros, a venda no mercado de escravos, o trabalho pesado nas minas ou plantações, a perspectiva sempre presente dos castigos corporais e das humilhações, tal foi a acolhida prestada a um dos componentes do povo brasileiro, ao longo de quatro séculos de escravidão.
                                     Aos poucos, os partidários da Abolição gradual começaram a ganhar terreno.
                                     Finalmente, em 1888, os antiescravistas conquistaram a maioria do Parlamento, refletindo a nova correlação de forças, a sete de maio de 1888 o Congresso aprovava, por imensa maioria, um projeto de Lei. Assinado a 13 de maio pela regente do trono, Princesa Isabel, o projeto transformou-se na Lei Áurea. Entre tanto, ao contrário do que se esperava a abolição não significou a emancipação efetiva da população escravizada.
                                     Sem medidas institucionais que promovessem a integração à sociedade, os negros foram entregues à própria sorte.
                                     Na realidade, a abolição veio afastar alguns dos obstáculos ao desenvolvimento da economia brasileira, cujo pólo dinâmico se baseava cada vez mais no trabalho assalariado.

ALFAIATES - a luta pela liberdade 

                                     Em 1798 foi fundada em Salvador uma sociedade cujo os integrantes dedicavam-se à tradução de textos de Rousseau e outros filósofos, divulgando ativamente os ideais republicanos na Bahia.
                                     Apesar de seu caráter secreto, essa sociedade estendeu sua influência para além do círculo das elites ilustradas, atingindo as camadas médias e pobres, inclusive escravos da população baiana. A amplitude dessa influência se explica pela profunda crise econômica  e social por que passava Salvador no final do século XVIII.
                                     Quando apareceram os manifestos, o Governador deu ordem para a devassa, ou seja, para que se fizessem investigações e prisões.
                                     Aguilar Pantoja, havia traduzido livros franceses e trechos de Rousseau, ao seu lado Agripino Barata, que representa um dos intelectuais no movimento.
                                     A liderança dos setores urbanos mais pobres cabia ao soldado mulato Lucas Dantas, pertencente ao batalhão das milícias.
                                     A conjuração estendia-se dos escalões superiores aos estratos mais baixos da sociedade colonial.
                                     O sistema colonial absolutista era condenado e pregava-se a necessidade de um levante que proclamasse a República e a Abolição, abrisse os portos brasileiros ao comercio mundial e pusesse fim às discriminações entre negros e brancos e a todos os privilégios existentes, garantindo-se a liberdade para desenvolver a industria e o comércio.
                                     Muitos pretos e mulatos foram condenados à morte, pela forca, seguida de esquartejamento no dia 8 de novembro de 1799.


CABANAGEM - a luta do povo no poder


                                     A Cabanagem foi uma grande revolta popular. Dela participaram pessoas vindas das camadas mais pobres da sociedade.
                                     O primeiro líder dos cabanos foi o padre Batista de campos. Na luta contra o governo central, os cabanos juntaram-se aos fazendeiros e comerciantes locais, esperando conseguir melhores condições de vida. Como os cabanos queriam muito mais: comida, casa, trabalho, entraram na luta para valer.
                                     No dia 6 de janeiro de 1835, o povo consegue unir-se para derrubar o governador Lolo de Sousa, matando-o e libertaram os presos políticos. Imediatamente foi constituído um novo governo, presidido por Antonio Malcher.
                                     Antonio Malcher é um conciliador, está com os cabanos devido ao ódio que tem aos portugueses. No entanto, a aliança entre os cabanos durou pouco, pois Malcher traiu o movimento, fazendo acordo com as tropas do governo. Por isso, os revoltosos o mataram e o substituíram por Francisco Vinagre, que assumiu o governo paraense.
                                     Mas devido as guerras e guerrilha, na terra e no mar, Francisco Vinagre, sem condições de resistir, entregou-lhe o poder, sendo preso.
                                     A este sucedeu, Eduardo Angelim, que ajudado por guerrilheiros como Bento Ferrão, vence as tropas de ocupação e chega ao poder.
                                     Angelim manda fuzilar negros rebeldes e vai se refugiar no interior para continuar a luta.
                                     Essa guerra cruel só terminou em 1840, quando os últimos cabanos se entregaram, sem terem conseguido atingir os objetivos pelos quais lutara. À revolta dos cabanos contra as péssimas condições em que viviam, o governo respondeu apenas com violência e morte.



QUEBRA - quilos - a luta dos semi-líderes


                                     Os sertanejos revoltaram-se com a introdução do sistema métrico no Brasil, pois, sentirem-se prejudicados pois, estavam sendo roubados nos pesos e medidas.
                                     Então rebelaram-se, invadindo cidades saqueando armazéns e pegaram os pesos i metros e jogaram nos rios.
                                     Na época do Quebra-quilos eram cobrados impostos, pois na medida em que o povo precisa de mais dinheiro, o governo cria mais imposto. Como em todo o País que adotou o sistema, em 1873 decidiu-se o governo imperial a obrigar o cumprimento da Lei, e os que não cumprissem seriam multados.
                                     Em 1874 acontece a primeira ação dos quebra-quilos, em uma vila perto de Campina Grande, na Paraíba.
                                     A partir daí, começa a violência não só com os pesos e medidas, mas sim com os impostos e a vida miserável.
                                     O Quebra-quilos nasce de um movimento sem líderes. Na visão dos camponeses o imposto era um papel, a lei, queimando-se a lei, acabava-se os impostos.

CANUDOS - a luta pela utopia real 


                                     Nascido em Quixeramobim, Ceará, em 1828, Antonio Vicente Mendes Maciel teve uma infância privilegiada para uma criança do sertão.
                                     Filho de um comerciante estudou latim, francês, aritmética e geografia. Seu destino foi diferente. Com a morte do pai, casou-se e passou a exercer o comércio. Mas não era essa sua vocação.
                                     Em breve, cheio de dúvidas, abandonou o negócio e ganhou o sertão. Um novo choque lhe estava reservado. fugindo com um soldado de polícia, sua mulher o abandonou. Casa-se de novo com Joana e quem tem um filho.
                                     Deixa ambos em 1865, e passa a vagar pelos sertões acompanhando missionários.
                                     Seu prestígio já estava consolidado. Um grupo de fiéis o acompanhava sempre, ajudando-o na reconstrução de igrejas e muros de cemitério. Mas a medida que a forma do beato aumentava, a hierarquia eclesiástica começou a preocupar-se. Não demorou muito para que se multiplicasse as perseguições. O beato foi preso em 1876 e, para ser solto, teve de prometer que abandonaria suas pregações. A promessa não foi cumprida. No ano seguinte, o conselheiro e seus adeptos estavam de volta aos sertões da Bahia.
                                     Em 1893, conselheiro desafiou ostensivamente a República. Na praça central do município de Bom Conselho queimou as tábuas onde estavam afixados os editais que anunciavam os novos impostos a serem cobrados pelo Governo. Foi nessa época que, tendo sua prisão decretada e vendo-se obrigado a fugir das volantes, achou que chegara a hora de criar sua própria comunidade.
                                     O lugar escolhido foi a fazenda de canudos, à beira do rio Vaza-Barris, que se encontrava abandonada. Sob a autoridade do Conselheiro, os fiéis logo se organizaram. Todos os bens pessoais deveriam ser entregues à comunidade. A forma do arraial sagrado de Belo Monte, como passara a chamar-se a provação, espalhou-se com rapidez.
                                     Era uma comunidade ideal, voltada para o bem comum, verdadeira utopia em pleno sertão baiano, à parte e à revelia do Brasil oligárquico e republicano. Isto a condenou à destruição.
                                     Em outubro de 1896, quando foram avisados de que na cidade próxima de Uauá estava uma tropa com a missão de aprisionar o Conselheiro e dissolver o arraial, os jagunços de Canudos não se surpreenderam. Havia muito que o beato previra uma guerra que precederia o fim do mundo, com profundas transformações.
                                     Assim, guiados pela fé, os jagunços não esperaram pelo ataque, partiram ao encontro da tropa, que apanhada de surpresa, foi totalmente destroçada.
                                     Os políticos da República não puderam tolerar uma derrota tão humilhante. Canudos passou a ser retratada como uma “fortaleza monarquista” a ameaçar a estabilidade do regime. Em dezembro de 1896, uma segunda expedição, apoiada pelo Exército, foi enviada contra o arraial.
                                     Era comandada por um major, Febrônio de Brito, e dispunha de armas moderas. Novamente as tropas subestimaram a força e a habilidade dos jagunços. Usando táticas de guerrilha, estes surpreenderam a expedição muitas vezes pelo caminho. E de tal forma conseguiram desorganizá-la que, ao chegar a Canudos, a munição já era escassa e os soldados estavam exaustos. Sem condições de combater, o major ordenou a retirada.
                                     Foi organizada uma terceira expedição, sob o comando do coronel Moreira César. Com toda munição suficiente e conhecendo as táticas que o inimigo empregara das outras vezes, o coronel confiava numa vitória fácil.
                                     O percurso até Canudos não apresentou dificuldades, e a expedição penetrou no arraial de Belo Monte. Era o que os jagunços esperavam.
                                     Tocaiados em cada casa, em cada beco, em cada esquina, os homens do Conselheiro combateram, espalhando o pânico entre os soldados, desnorteados naquele labirinto de vielas.
                                     Quando Moreira Cessar caiu morto, a tropa debandou, numa retirada vergonhosa.
                                     A lenda de Canudos agitava a opinião pública em todo o País. A notícia de mais uma derrota infligida pôr fanático esfarrapados a uma moderna divisão do Exército acirrou o ânimo dos militaristas, que exigiam retaliação.
                                     Comandada pelo general Artur Oscar de Andrade Guimarães, a quarta expedição. Pelo caminho, a tropa foi castigada inúmeras vezes pelas guerrilhas dos jagunços; antes de chegar a canudos, já perdera 1200 homens, mas vieram reforços. A luta continuou por muitos meses e durante todo esse tempo novos soldados foram sendo incorporados à força combatente.
                                     A última batalha foi travada a 5 de outubro de 1897.
                                     Morto pouco antes, o Conselheiro não chegou a ver o aniquilamento de seu povo.
                                     Era o fim de um sonho, ou, nas palavras de Euclides da Cunha, de um episódio na série reservada “para as loucuras e os crimes da nacionalidades...”




INTRODUÇÃO
                                     Tudo tem uma história. Muitas das coisas que nossos antepassados usavam e faziam já não existem mais; outras modificaram-se, algumas permanecem como eram.
                                     Pois bem: a História estuda os fatos do passado e tenta verificar suas causas (por que ocorreram) e suas conseqüências (os acontecimentos que provocaram).
                                     Ao mesmo tempo, procuramos saber como todos os elementos se alteraram ao longo do tempo e por quê. Ou seja, pesquisamos os acontecimentos importantes que marcaram a vida dos povos, dos países, das cidades, que fatores influíram em tais acontecimentos e o que resultou deles.
                                     A História é contada principalmente por meio do estudo dos documentos escritos, que podem ser lidos e entendidos pelo historiador.
                                     Se um povo deixou apenas sinais não escritos sobre sua vida, trona-se difícil para o historiador contar com precisão a História desse povo. Como o historiador não presenciou os fatos do passado, ele precisa basear-se em documentos. mas deve ter muito cuidado, porque esses documentos podem não dizer a verdade. Por isso, ele compara diversos documentos, procurando ver até que ponto eles dizem a mesma coisa. Por exemplo: uma partida de futebol pode ser contada de forma diferente pelos torcedores de um ou outro time. Diante de um caso assim, o historiador se preocuparia com os fatos concretos (quem foram os participantes dos jogo, quem foi o juiz, quem marcou os gols etc...). Não confiaria só na opinião de uma pessoa, que poderia estar querendo apenas mostrar as vantagens de seu time.
                                     Muitos livros de História do Brasil, por exemplo, começam sua narrativa no ano de 1500, quando os portugueses tomaram posse do território brasileiro. Há livros que mal se referem ao índios, que eram milhões na época do Descobrimento. A maioria dos livros de História também deixa de explicar a tragédia do extermínio dos índios, que hoje não passam de 250.000 indivíduos ou mais, ainda ameaçados pela invasão de terras onde vivem.
                                     Nesse trabalho, preocupei-me em narrar os fatos que foram mais importantes para o povo, que é o principal herói de nossa História. Essa História, assim contada, inclui os índios e a população pobre, e não se resume a mostrar uma lista de datas, fatos e nome de heróis.
                                     Afinal, nós fazemos também a História do Brasil.

CONCLUSÃO

                                     Nada pior do que histórias mal contadas e que nos obrigam a decorar. Num livro de História do Brasil, os problemas de uma história mal contada torna-se grave, pois, faltam pedaços na História e a mesma não convence.
                                     Esse tipo de História torna-se chata e cansativa porque fala de um mundo que não nos diz respeito, um mundo do qual nós, o povo, não participamos.
                                     Aqui, o que o autor pretendeu foi em mostrar uma história onde aparecem os conflitos de classe, as contradições sócio-econômicas que existiram e que, de algum modo, persistem em nossos dias.
                                     A história apresentada nesse trabalho deve ser vista como algo definitivo e categórico .
                                     O passado é algo complexo que deve ser interpretado, reconstruído pelo historiador.
                                     O propósito não é fazê-lo aceitar passivamente as interpretações do passado, e sim discutir, questionar e que use mais a reflexão do que da memória.
                                     O que se espera dessa História do Brasil, é que para uma Geração consciente possa ajudá-lo entender melhor a realidade brasileira em evolução e a participar conscientemente da sociedade em que vivemos.
                                     
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