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quinta-feira, março 10, 2011

Administraçao.:.Administraçao Pública

INTRODUÇÃO

A Saúde no Brasil

No atual contexto de globalização das economias e tendências neoliberais adotadas pelo atual governo, representadas pelas diversas “políticas de ajuste”, acordos e metas com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país encontra-se com enorme carência de políticas sociais capazes de atender às demandas da população. Esta encontra-se desassistida dos principais serviços que deveriam ser a prioridade de todo governo: saúde, educação, segurança, enfim, serviços capazes de garantir condições mínimas de dignidade e sobrevivência.
O setor saúde caracteriza-se por sua extrema importância e necessidade para uma grande parcela da população, que depende diretamente dos serviços prestados por não ter alternativa de acesso a planos particulares de saúde.
Embora ainda esteja longe de ser realidade, a Constituição Federal de 1988 prevê, através da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), a garantia de acesso igualitário e universal a todos cidadãos brasileiros, através de procedimentos de alta qualidade e abrangência.
O SUS prevê a descentralização do Sistema de Saúde brasileiro, ficando a cargo dos municípios a gestão dos recursos e prestação dos serviços à população. Portanto, através desse sistema “municipalizado”, é possível os governos locais aplicarem os recursos de acordo com as necessidades e prioridades de cada município, que apresenta realidades muito distintas uma das outras.
Porém, é necessário que os municípios se adaptem aos requisitos e normas estabelecidas pelo SUS, através da Norma Operacional Básica de Saúde (NOB) que regulamenta as condições para a gestão plena dos recursos repassados pelo Ministério da Saúde.
Além disso, esse sistema possibilita a concretização de uma cidadania participativa, viabilizada pela maior proximidade entre gestores e usuários do SUS e pela criação de mecanismos como o Conselhos de Saúde, formado por gestores, funcionários e usuários do setor.
Assim, a descentralização da saúde permitiu que se alterasse a gestão do setor, tornando-a mais democrática e participativa. Esse processo, entretanto, requer o estabelecimento de novas relações econômicas, políticas e sociais entre governo e sociedade, que passam a ter maior participação na gestão da saúde e a oportunidade de colocar suas propostas e contribuir para o bom funcionamento de sistema.
Como se pode perceber, houve uma revolução no Sistema de Saúde com a implantação do SUS, através da criação de uma estrutura ágil e eficiente inexistente até então. Com certeza ainda há muito o que ser feito, adequado e aperfeiçoado nesse sistema, pois apesar dessas grandes iniciativas, o setor ainda apresenta uma carência enorme de recursos, sendo incapaz de garantir aos cidadãos, seus direitos expressos na Constituição.


CAPÍTULO I


A Evolução do Sistema de Saúde Brasileiro

Por um longo período, o Sistema de Saúde brasileiro caracterizou-se pela ineficiência e fragmentação no acesso aos serviços, não contendo uma estrutura bem definida que proporcionasse agilidade e qualidade no atendimento.
A política de saúde entrou para a agenda do governo em 1923, através da Lei Eloy Chaves, junto com o Sistema Previdenciário. Foram criadas as “Caixas de Aposentadorias e Pensões” (CAPs), que se constituíam em fundos privados mediante contribuição dos empregadores, empregados e do Estado (ou seja, da sociedade).
Até a década de 30, os serviços de atendimento médico eram prestados por entidades privadas (ou CAPs), não havendo, portanto, uma política nacional de saúde.
O Ministério da Saúde foi criado em 1930, juntamente com o Departamento Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social, que passou a organizar a saúde pública através de campanhas nacionais e de serviços médicos associados aos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), caracterizando a medicina curativa em detrimento à preventiva.
Na década de 70, o sistema caracterizava-se pela segmentação de clientelas, fragmentação institucional e gestão hiper-centralizada de recursos e poder decisório na estrutura do INAMPS e do Ministério da Previdência e Assistência Social, tendo o Ministério da Saúde ficado em segundo plano.
Nesse período, apenas o indivíduo que trabalhava tinha direito de usufruir dos serviços públicos de saúde, ou seja, os direitos de cidadão estavam representados na carteira de trabalho, caracterizando a condição de pré-cidadania na sociedade brasileira. Durante o regime militar tal situação agrava-se com a exclusão do trabalhador do Sistema Previdenciário e com a concessão de benefícios e privilégios aos militares e servidores públicos, acirrando ainda mais a desigualdade no acesso aos serviços públicos.
Foi somente a partir da década de 80 que surgiram propostas mais democráticas de um novo modelo de política de saúde, enfatizando a universalização dos serviços básicos de saúde a toda população brasileira, sem qualquer tipo de discriminação.
Procurou-se, através dessa iniciativa, recuperar e redefinir o papel do Estado democrático em suas funções públicas, atribuindo ao aparato estatal do governo a competência e responsabilidade de normatizar, financiar, controlar e assegurar a universalização da saúde.
Nesse período, foram instituídas diversas tentativas de descentralizar o sistema de saúde, através da implantação:
das Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983, que procuravam integrar os serviços de diversas instituições públicas através de convênios e repasse de recursos financeiros e humanos;
do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), em 1987, que estabelecia as diretrizes que consolidassem as ações das AIS.
Porém, a descentralização somente se consolidou com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, quando as inovações assumiram a direção de uma verdadeira reforma político-institucional setorial, constituindo-se como dever de cada esfera de governo, prover de forma Universal e Igualitária o acesso aos serviços de saúde.
A Constituição de 1988 universalizou o acesso aos serviços de saúde pública. A Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080, de 19.09.1990) regulamentou o texto constitucional e instituiu o SUS – Sistema Único de Saúde, e descentralizou e democratizou a gestão. Foram mudanças profundas na Saúde Pública brasileira, instituindo diretrizes baseadas em princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade, formada por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo. A Lei 8142/90 também regulamenta preceitos constitucionais, propondo e estimulando a participação popular através dos Conselhos de Saúde e Conferências Municipais de Saúde realizadas periodicamente.
Os gestores municipais, por estarem mais próximos à realidade particular de cada município, devem ser os principais responsáveis por coordenar, planejar, articular, controlar, negociar, programar, executar e avaliar as ações de Promoção, Proteção e Recuperação da saúde.
É indispensável também a articulação entre gestores das três esferas de governo e desses com a sociedade, para a efetiva consolidação de uma gestão participativa e democrática.

O Sistema Único de Saúde – SUS

O Sistema Único de Saúde foi estabelecido na Constituição de 1988, sendo um modelo criado para seguir a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo país, sob responsabilidade das três esferas de governo: municipal, estadual e federal.
O SUS foi criado com base nos princípios da universalidade, equidade e integralidade:
Universalidade: todo e qualquer cidadão tem direito garantido ao acesso a todos os serviços públicos de saúde, inclusive aos contratados pelo poder público.
Equidade: todo cidadão deve ser tratado de forma igualitária e ser atendido conforme suas necessidades, até o limite do sistema.
Integralidade: o sistema de saúde deve ser integral, devendo promover, proteger e recuperar a saúde dos cidadãos, priorizando atividades preventivas.
O SUS é formado por uma rede de serviços que seguem os seguintes Princípios:
Regionalização e Hierarquização: com o objetivo de permitir melhor controle nas ações de vigilância epidemiológica, sanitária, educação em saúde, atenção ambulatorial e hospitalar, a rede de serviços deve estar organizada de forma hierarquizada e regionalizada, possibilitando assim, maior consciência dos problemas de saúde da população;
Resolutibilidade: o serviço de atendimento deve estar sempre apto a solucionar e enfrentar qualquer problema que lhe compete resolver;
Descentralização: as atribuições de cada nível de governo deve ser redefinida reforçando-se sempre o poder municipal, a fim de estimular a municipalização;
Participação dos cidadãos: através dos Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde.
Quando a contratação de serviços particulares se fizer necessária, estes devem ser complementares à rede pública e atuar sob as diretrizes propostas pelo Sistema:
O interesse público deve prevalecer sobre o particular na celebração do contrato;
A instituição deve concordar com os princípios e doutrinas do SUS;
A integração dos serviços privados deve se submeter às normas do SUS e ser igualmente estruturado aos serviços públicos.

Gestores do SUS

Os gestores são encarregados de implantar o SUS e fazer com que ele funcione dentro de suas doutrinas e princípios, em todos os níveis de governo:

Municipal: são responsáveis por coordenar, planejar, articular, controlar, negociar, programar, executar e avaliar as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. São os maiores responsáveis pelas ações de saúde da sua população, por melhor avaliar e programar as ações conforme as necessidades do município;
Estadual: é responsável pela coordenação da saúde em seu estado, executando apenas as ações que os municípios não forem capazes de executar. Deve corrigir as distorções existentes e incentivar os municípios a desenvolverem ações, promovendo sempre a descentralização;
Federal: o Ministério da Saúde é responsável por liderar o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, e pelo planejamento, financiamento, cooperação técnica e controle do SUS.
Os gestores de cada esfera devem se articular com os demais setores da sociedade e estimular sua participação no processo; devem também se articular entre si, promovendo a integração entre as esferas.
Os Conselhos de Saúde são órgãos que ajudam a estruturar o SUS e aproximar a as negociações entre as esferas de governo com a comunidade, sendo composto por representantes do governo, funcionários e usuários. Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, podendo ser de nível municipal, estadual ou federal.

Financiamento

Os investimentos e custeios do SUS são provenientes dos recursos arrecadados nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal, através do Orçamento da Seguridade Social (OSS).
O OSS é composto pelas receitas provenientes das seguintes contribuições sociais:
dos empregados, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;
dos trabalhadores; e
sobre receitas de concursos de prognósticos.
Uma parte dos recursos federais é retida para investimento e custeio das ações federais e outra é repassada às secretarias estaduais e municipais conforme as necessidades de saúde e rede assistencial.
Nos estados, os recursos repassados pelo Ministério da Saúde são adicionados aos alocados pelo governo e geridos através de um fundo estadual. Parte desses recursos é retida para as ações e serviços estaduais e parte é repassada aos municípios.
Os municípios irão gerir todos recursos repassados juntamente com os arrecadados através do Fundo Municipal de Saúde. A criação desse fundo é de extrema importância, pois assegura que os recursos sejam administrados pelo setor saúde e não pelas secretarias da fazenda, em caixa único (sobre o qual a secretaria de saúde tem pouco acesso).
O repasse de recursos do Ministério da Saúde para os estados, Distrito Federal e municípios tem por base alguns requisitos definidos na Lei nº8142, de 28 de novembro de 1990:
Fundo de Saúde;
Conselho de Saúde, com composição paritária;
Plano de Saúde;
Relatórios de Gestão;
Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; e
Plano de Cargos, de Carreiras e Salários.
O financiamento do SUS é caracterizado pelo comportamento cíclico e instável decorrente da irregularidade nos fluxos financeiros oriundos do Orçamento da Seguridade Social. Para tentar solucionar esse problema, o governo tem sucessivamente recorrido a empréstimos de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que se constituem em crescentes dívidas a pagar inscritas no Ministério da Saúde.
Esse comportamento instável das receitas pode ser observado através da tabela abaixo, que ilustra as diferentes fontes de recursos no financiamento da saúde no período 1992/1995:

TABELA 1
Evolução da Participação das Fontes de Financiamento da Saúde (1992 a 1995)
(Em porcentagem)
Fontes
1992 1993 1994 1995* Recursos Ordinários do Tesouro (100) 12,1 18,0 0,6 0,0
Títulos do Tesouro e Operações de Crédito (144-149)

0,3
10,7
3,3
10,0 Receitas Próprias(150) 0,0 0,0 1,9 0,7
Contribuição sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica(151)
1,4
15,8
17,0
27,4
FINSOCIAL/COFINS –Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (153)

30,2
38,1
27,5
44,4 Contribuição sobre Folha de Salários (154)
55,9 17,4 0,0 0,0 Recuperação de Depósitos do COFINS (198)
0,0 0,0 13,4 0,0 Fundo Social de Emergência (199)
0,0 0,0 33,2 14,9 Outros
0,1 0,0 3,0 2,6 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte Barros, Piola, Vianna(1996)
Nota: * Janeiro/junho


Além disso, cabe ressaltar que a implementação do SUS e dos dispositivos constitucionais de universalização da assistência e descentralização da saúde não foi acompanhada da expansão dos recursos federais para financiar as inovações necessárias, conforme demonstra a tabela a seguir:

TABELA 2
GASTO FEDERAL EM SAÚDE (1987/1995)
Ano US$ bi US$ per capita 1987 10,9 80,3 1988 10,0 72,1 1989 11,3 79,7 1990 9,5 65,9 1991 7,9 53,9 1992 6,6 44,3 1993 7,5 49,6 1994 10,4 67,9 1995 16,5 104,1 Fonte: Ministério da Saúde/ATG


O SUS e a descentralização da Saúde

Para assumir as novas responsabilidades na gestão descentralizada do SUS, os estados, Distrito Federal e municípios devem comprovar a existência do arranjo institucional previsto pelo mesmo, composto pelos seguintes órgãos e instrumentos:
Órgão Executivo: responsável pala direção do SUS – Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e Secretaria Municipal – atuando na formulação e execução da política de saúde;
Conselho de Saúde: atua no controle da execução da política de saúde, com representação paritária de prestadores de serviços, usuários e profissionais da saúde;
Fundo de Saúde: conta especial onde são depositados e movimentados os recursos financeiros do SUS, sob fiscalização do Conselho de Saúde;
Conferência de Saúde: fórum onde são realizadas avaliações da situação da saúde e propostas as diretrizes para a formulação da política de saúde em cada esfera de governo.
Em 1993, foi acrescentado um novo organismo colegiado à estrutura do SUS: as Comissões Intergestores , constituídas na esfera federal e estadual com a finalidade de estabelecer parceria entre os gestores do SUS no processo de operacionalização da política, estratégia e diretrizes para a descentralização das ações e serviços de saúde.
Assim, vem-se negociando e instituindo a direção única em cada esfera de governo, via descentralização – principalmente para municípios – da gestão dos serviços de saúde. É cada vez maior o número de municípios que estão assumindo novas responsabilidades com a gestão descentralizada da saúde, o que pode ser constatado nas tabelas 3, 4 e 5, onde a participação dos municípios é crescente na execução de procedimentos de assistência médica:

TABELA 3

Distribuição dos Leitos Cadastrados no SUS, segundo a Natureza do Prestador de Serviços (1991 a 1995)

Quantidade de Leitos (mil) Natureza 1991 1992 1993 1994 1995 Variação(%) 1991/1995 Federal 15,7 15,7 12,0 10,9 10,8 -21 Estadual 56,2 65,1 64,4 59,3 58,9 5 Municipal 17,8 28,8 33,9 37,7 37,7 112 Filant/cont* 346,5 355,1 355,7 353,7 353,7 2 Universitário 24,3 26,2 39,3 42,3 42,3 74 Sindicatos - 0,04 0,02 0,78 0,78 - Total 460,6 491,0 507,4 507,9 504,2 9 Fonte: DATASUS/MS
Nota:* Filantrópicas e outros hospitais privados contratados


TABELA 4

Número de Internações Realizadas no Âmbito do SUS, segundo a Natureza do Prestador de Serviços (1991 a 1995)

Quantidade de Internações (mil) Natureza 1991 1992 1993 1994 1995 Variação(%) 1991/1995 Federal 274,7 317,9 238,6 154,5 111,4 -59 Estadual 937,4 1282,7 1412,7 1274,0 1156,7 23 Municipal 602,4 912,13 1082,4 1196,6 1164,9 93 Filant/cont* 10933,8 11 183,9 11 045,6 10 614,0 8707,4 -20 Universitário 820,1 885,1 1049,7 1457,2 1469,1 79 Sindicatos - - 0,7 2,6 3,7 - Total 13 568,5 14 583,1 14 829,8 14 699,0 12 613,2 -7 Fonte: DATASUS/MS
Nota:* Filantrópicas e outros hospitais privados contratados


TABELA 5

Despesas com Internações Realizadas pelo SUS (Recursos Federais) (1991 a 1995)

Quantidade de Internações (US$ milhão) Natureza 1991 1992 1993 1994 1995 Variação(%) 1991/1995 Federal 57,7 52,3 36,6 24,0 16,3 -72 Estadual 187,9 208,9 234,5 247,3 238,3 27 Municipal 83,9 112,3 137,8 184,0 181,7 117 Filant/cont* 2217,1 1992,7 1968,0 2246,8 2150,5 -3 Universitário 340,4 281,9 418,3 721,8 800,7 135 Sindicatos - 0,15 0,9 0,3 0,5 - Total 2886,9 2648,3 2795,3 3424,5 3388,0 17 Fonte: DATASUS/MS
Nota:* Filantrópicas e outros hospitais privados contratados


Esses dados, que refletem o comportamento da assistência hospitalar, indicam uma tendência favorável à descentralização dos serviços hospitalares, como prevê a Constituição Federal.
Segundo o Presidente da Associação Brasileira de Prefeituras, Gilson Nunes, a municipalização dos serviços de saúde tem dado bons resultados, mas a falta de recursos consiste no principal problema do setor. Através da adoção da Gestão Plena do SUS, os municípios expandiram seus serviços sem, em contrapartida, receberem os recursos suficientes do Governo Federal. Os municípios acabam arcando com cerca de 80% das despesas, enquanto o governo federal repassa 17% e o governo estadual devolve cerca de 3%.
Essa é a realidade da maior parte dos municípios brasileiros, que possuem grande problema de caixa e não conseguem oferecer serviços de qualidade e abrangência na área da saúde, o que se reflete nas notícias com as quais nos deparamos diariamente: pessoas morrendo em filas, sem o mínimo de dignidade, por falta de médicos, de remédios, de infra-estrutura, etc.



CAPÍTULO II

A Gestão da Saúde em Rio Claro

Caracterização do município:

O município de Rio Claro localiza-se a leste do estado de São Paulo, à distância de 173 Km da capital. Criada em 1845, possui atualmente uma população de 163.551 habitantes, com uma taxa de crescimento populacional de aproximadamente 1,84% ao ano. A Prefeitura possui uma arrecadação mensal de cerca de R$ 5,2 milhões, sendo que desse orçamento, 11% são destinados à área da saúde.
Com uma área de 503 Km quadrados, Rio Claro caracteriza-se por uma economia diversificada, de ordem Agrícola/Industrial/Pecuária e de Serviços, sendo que cerca de 40% do crescimento da região deu-se no período de 70-80, quando houve um intenso fluxo migratório em decorrência da expansão do parque industrial do município.

Atualmente, o crescimento econômico do município encontra-se estagnado, devido principalmente às políticas recessivas do governo federal, que repercutiram negativamente em todo país, eliminando milhares de postos de trabalho.
Apesar desse quadro negativo da situação econômica do país, Rio Claro vem sendo citado por revistas (EXAME) e jornais (FOLHA DE SÃO PAULO) como sendo umas das melhores cidades de porte médio para receber investimentos industriais. O município foi caracterizado também pelo melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre regiões, ocupando o 1º lugar no Estado de São Paulo. Esse índice tem por base três indicadores: esperança de vida, educação e renda per capita.
Cabe destacar que, durante os governos anteriores, Rio Claro foi palco de muitas irresponsabilidades e corrupções, com dirigentes sem o mínimo de respeito e compromisso com o contribuinte. Chegou-se ao absurdo de um deles administrar a cidade de dentro da cadeia, cumprindo pena por desvio de dinheiro público.
Porém, nesse último governo, o cidadão rio-clarense consciente pôde perceber que a história é outra. Essa administração apesar de ser fortemente combatida pelos jornais do município (cujos proprietários têm vinculações com os governos anteriores), vem realizando grandes conquistas para o município, principalmente na área da saúde, onde houve uma revolução no sistema.
Claro que ainda há muito a ser feito, o município conta com muitas dificuldades e carência de recursos, mas deve-se analisar as iniciativas realizadas para perceber que Rio Claro está no caminho de uma cidade que pode vir a oferecer muita qualidade de vida para seus munícipes e grandes perspectivas de crescimento.
Pode-se destacar a iniciativa da Prefeitura de tentar promover a integração das diversas Secretarias através de reuniões semanais e de exposições dos trabalhos realizados, a fim de que cada uma conheça as potencialidades de atuar em parceria viabilizando a concretização de projetos intersetoriais focalizados num único objetivo comum: promover a qualidade de vida e o bem-estar dos munícipes.

A Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro (FMSRC)

Forma de Gestão

Em 1995, através da Lei 2720, de 23 de fevereiro , foi criada a Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro (FMSRC) para administrar os serviços de saúde do município. Por esta lei, todos os órgãos da estrutura administrativa e operacional da Secretaria Municipal de Saúde passaram para a Fundação e todos os bens móveis e imóveis e recursos do Fundo Municipal de Saúde passariam a compor o patrimônio inicial da Fundação.
Porém, a Secretaria nunca deixou de existir e a Fundação não chegou a ser completamente implantada, coexistindo as duas estruturas paralelamente.
A Fundação foi instituída pelo governo anterior de forma autoritária, sem discussão sobre sua viabilidade com os servidores e diversos segmentos da sociedade. Apesar de ter debatido o assunto com o Conselho Municipal de Saúde, deixou de apresentar a proposta à II Conferência Municipal de Saúde que foi realizada no período em que o tema estava em discussão.
O tema foi objeto de deliberação da III Conferência Municipal de Saúde, realizada em junho de 1997, onde optou-se pelo retorno da administração direta através da Secretaria Municipal de Saúde.
A forma de gestão mais tradicional e freqüentemente adotada na maioria dos municípios é a administração direta, através de uma Secretaria Municipal de Saúde, cujo modelo de gestão é adotado pelo restante da administração municipal e cujos resultados variam de acordo com cada realidade específica.
A administração indireta, seja através de Autarquias ou Fundações, tem sido instituídas a partir da justificativa de tornar a administração mais ágil e eficiente, proporcionando maior produtividade e qualidade nos serviços prestados.
A administração fundacional está sujeita aos princípios e regras do serviço público (concurso público, estabilidade, regime jurídico único, PCCS, lei de licitações, etc.), sendo constituídas com o objetivo de prestar serviços, realizar pesquisas e colaborar com o poder público em sua área de atuação. Porém, em muitos casos, esse objetivo não é passível de comprometimento por parte dos dirigentes, que passam a se utilizar da maior flexibilidade proporcionada por essa forma de gestão para burlar a lei e instituir formas alternativas - e ilegais - de captação de recursos. Como exemplo pode ser citada a “cobrança por fora” e o atendimento privilegiado a pacientes conveniados em detrimento do restante dos cidadãos, ferindo os princípios de universalidade e gratuidade dos serviços.
Pode-se afirmar que no caso de Rio Claro os gestores da saúde vêm atuando de forma clara e transparente, informando periodicamente à população os serviços e atividades realizadas, e gozando dos benefícios da administração autônoma.
A autonomia de gestão constitui-se numa característica de fundamental importância para a área da Saúde, pois o setor apresenta características e necessidades muito peculiares, incapazes de serem compreendidas e prontamente atendidas pela administração das chamadas “áreas meio” (administração, finanças e jurídico), que acabam interferindo e prejudicando o setor. Entre outros fatores, isso se deve ao fato de:
grande concentração de poder nessas áreas que alija o gestor da saúde do processo decisório;
visão tecnocrática dessas pastas e a falta de sensibilidade às demandas emergenciais e peculiares da área sanitária;
fortalecimento institucional e político do secretário municipal de saúde, que passa a contar com recursos, fundo de saúde, legislação específica, espaço na mídia e maior prestígio em função da gestão da saúde;
limite dessas áreas em entender a complexidade tecnológica que envolve o trabalho em saúde e acompanhar o avanço do processo de implementação do SUS.
Assim, a autonomia de gestão para a saúde tem sido uma meta a ser atingida por aqueles que de fato se comprometem com a implantação do SUS e lutam pelo seu êxito. Muitos avanços têm sidos obtidos, como a legislação do SUS, o controle social, a municipalização da saúde e, principalmente, a implementação dos Fundos Municipais de Saúde.
Nesse sentido, o governo municipal tem por objetivo retornar à administração direta dos serviços de saúde, através da Secretaria de Saúde e da extinção da Fundação, com autonomia de gestão para o Fundo Municipal de Saúde, que deve ser administrado pelos gestores da área.

A Municipalização da Saúde em Rio Claro

A Fundação Municipal de Saúde passou a ser gestora do SUS a partir de junho de 1998, quando finalmente esteve apta a aderir à Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde. Desde então, a FMSRC assumiu a coordenação de toda área de saúde, recebendo diretamente a verba repassada pelo Ministério com autonomia para definir o desenvolvimento do setor de acordo com os repasses e as necessidades da população. Esse constitui-se num ponto de fundamental importância para agilidade e eficiência na administração dos serviços - principalmente no setor saúde, onde a rapidez dos procedimentos pode salvar muitas vidas.
No entanto, a municipalização dos serviços já vinha sendo implementada há mais tempo: durante o período de um ano foram feitas todas adaptações e mudanças no setor de saúde do município, que até então não possuía uma rede básica de saúde nos moldes exigidos pelo SUS.
A grande maioria das mudanças tiveram início após a realização da III Conferência Municipal de Saúde, que contou com amplo apoio e participação dos diversos segmentos da sociedade, onde foram discutidas prioridades e carências na área da saúde. Com base nos resultados da Conferência, foi elaborada a proposta do governo para o Plano Municipal de Saúde, uma poderosa ferramenta de auxílio ao planejamento das ações, metas e prioridades do setor.
Atualmente, as mudanças propostas vêm sendo gradativamente implantadas, procurando atender às reivindicações e necessidades da população, que, até então, não contava com uma estrutura de saúde bem definida no município.

Estrutura da Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro

A Fundação Municipal de Saúde é administrada pelo Secretário de Saúde, responsável por coordenar e organizar os serviços de saúde do município, com o apoio e fiscalização do Conselho Municipal de Saúde, que auxilia na determinação das diretrizes e planejamento do setor. Para tais atividades, o secretário conta com a Assessoria de Planejamento.
Diretamente subordinado ao Secretário e Conselho estão as Diretorias, que são:
Diretoria Geral de Assistência à Saúde;
Diretoria de Medicina Preventiva e Social; e
Diretoria Administrativa, Financeira e de Recursos Humanos.(na qual foi realizado o estágio.)
A Diretoria Geral de Assistência à Saúde tem por função coordenar os serviços em saúde e procedimentos médicos das Unidades Básicas de Saúde, dos Ambulatórios, dos Pronto Socorros e Pronto Atendimentos, contando com as coordenadorias de Odontologia, Enfermagem, Serviço Social e Psicologia.
A Diretoria de Medicina Preventiva e Social têm sob sua coordenação os serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Saúde do Trabalhador e Centro de Controle de Zoonoses.
A Diretoria Administrativa, Financeira e de Recursos Humanos é responsável por coordenar, planejar, racionalizar toda área administrativa da Fundação, contando com um departamento de Recursos Humanos e outro de Contabilidade e Finanças, que coordena os setores de Compra /Licitações e Patrimônio/Almoxarifado.

A Diretoria Administrativa, Financeira e de Recursos Humanos

Realiza todos tipos de atividades relacionadas a:
Recursos Humanos: recrutamento, seleção e desenvolvimento de recursos humanos na área da saúde e administrativa; elaboração da folha de pagamentos dos servidores e programas de aprimoramento profissional. Em 1995 foi elaborado o Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) aprovado pela Câmara Municipal através da LEI N.º 2784, de 29 de novembro, sob regime jurídico único da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Através desse Plano foram instituídas algumas mudanças na gestão de Recursos Humanos, como o aumento do número de cargos, extinção e criação de cargos para contratações e possibilitar a realização de um Concurso Público, a fim de regularizar o quadro de pessoal, cuja maioria estava irregular (não concursados). O Plano de Carreiras Cargos e Salários tinha por objetivo:
Seleção criteriosa, por meio de concurso público, que permite a obtenção de mão-de-obra adequada à plena realização da FMSRC;
Aperfeiçoamento, através de permanente e eficaz programa de treinamento, destinado a assegurar a contínua atualização do conhecimento prático e teórico dos funcionários;
Valorização dos Recursos Humanos, amparada na estruturação das carreiras, pelo sistema de mérito e pela utilização de critérios uniformes, visando a garantir decisões equânimes para casos análogos;
Remuneração adequada e compatível com deveres e responsabilidades inerentes ao cargo ocupado e às funções desenvolvidas, observadas as condições vigentes a nível de município.
Finanças: executa e controla todo fluxo financeiro da Fundação de acordo com o Plano Plurianual (4 anos), que é elaborado e enviado à Câmara para aprovação. (Orçamento Público). Nesse documento tudo é detalhado minuciosamente, todas as despesas e receitas previstas para o período, assim como tudo o que se pretende realizar, como o orçamento anual, Programas e Projetos em Saúde. O departamento também recebe e gerencia os recursos repassados pelo Ministério da Saúde (através do Fundo Municipal de Saúde) e pela Prefeitura; emite relatórios administrativos e financeiros de prestação de contas, emite Nota de Empenho, Ordem de Pagamento para todos os tipos de compras, faz coleta de preços para compra direta (que não precisa de processo licitatório) e gerencia as despesas miúdas de pronto pagamento, que é um dinheiro reservado para despesas eventuais e que devem ser pagas na hora; etc.
Compras: realiza todas as atividades relacionadas ao processo de compra, que ocorre através de Licitação (para valores acima de 8 mil reais ).
Assessoria de Imprensa: responsável por todas as atividades de comunicação da Fundação, publicação de notícias nos jornais, de relatórios, de pesquisas, campanhas, e todo tipo de informação.
Nessa Diretoria na qual realizou-se o estágio, cabem algumas considerações. As funções são muito bem desempenhadas pelos departamentos que compõem a Diretoria, que contam com apoio e coordenação do Diretor Administrativo. Porém, foi possível observar uma certa sobrecarga de tarefas a esse último, que, devido à procedimentos rotineiros , acaba gastando grande parte de seu tempo com atividades que deveriam ser eliminadas. Entre elas, pode-se citar o fato dele ter que assinar todo documento que tramita na Fundação, desde autorização para compras de todo tipo de material (sendo que para cada tipo de compra há um processo específico a ser rubricado) como para qualquer tipo de pagamento. Dessa forma, a função do Diretor, que é coordenar, organizar e planejar as atividades administrativas, financeiras e de recursos humanos fica prejudicada. Todos os departamentos possuem um quadro de pessoal altamente qualificado e responsável, de forma que poderiam ter autonomia para realizar as tarefas necessárias sem o prévio consentimento do diretor.
Esse processo de delegação de autoridade (ou Empowerment, como é tratado no mundo empresarial) vêm sendo tema de muitos estudos e debates, onde grandes líderes conseguiram comprovar seu sucesso em renomadas organizações que o adotaram. Além de poupar o tempo dos chefes, os funcionários sentem-se mais envolvidos e responsáveis pelo êxito das atividades, contribuindo para um melhor desempenho da organização como um todo e para o auto-aprimoramento dos funcionários.
A estrutura administrativa da Fundação sofre carência de um sistema de informações capaz de permitir um melhor gerenciamento de todas as Unidades de Saúde, agilizando o processo de tomada de decisões do diretor, com base nos dados disponíveis. Foram instalados computadores em todos os departamentos, com programas específicos para cada área que auxiliam na execução dos orçamentos, balanços, folha de pagamentos, controle de estoques (Almoxarifado), etc, economizando precioso tempo dos funcionários. Mas muitas das atividades ainda são realizadas manualmente, e além disso, falta um sistema que compilasse todos as informações disponíveis num programa de auxílio ao Planejamento, com informações como: levantamento de custos do setor saúde, setores com carências de investimentos, controle das atividades e procedimentos realizados pelas unidades, setores com grandes índices de problemas, etc.
Muitas das atividades exigem grande parcela de tempo dos funcionários e de recursos da instituição, pois, para toda movimentação financeira, há um xerox da nota e o correspondente arquivamento em pastas. Isso gera um expressivo número de documentos que ocupam grande espaço e tempo (xerocar, furar, arquivar, etc.). Se forem calculados gastos com pessoal (Guarda Mirim e tempo dos escriturários), lay-out e materiais, verifica-se que é um grande custo para um setor onde qualquer valor faz grande diferença, pois é uma área com enorme carência de recursos que arca com despesas elevadíssimas de procedimentos médicos.
O Sistema de compras também é quase que totalmente manual, com milhares de arquivos de pedidos de compras de várias vias, que vão: para o Almoxarifado (através de malotes), para a contabilidade e outra que fica arquivada na Compras. O Almoxarifado foi informatizado recentemente, o que facilitou o controle dos estoques de medicamentos e a emissão de relatórios de entrada e saída de produtos. Porém, falta um sistema que interligasse os setores, evitando todos esses procedimentos manuais que tomam tempo e geram custos para a Fundação. Esse assunto será retomado adiante, sobre a importância e benefícios da informática para a instituição.

Organização dos Serviços de Saúde

A rede de saúde de Rio Claro é composta atualmente pelas seguintes unidades/serviços:
Oito Unidades Básicas de Saúde (UBS):
UBS Grande Chervezon;
UBS “Jardim das Palmeiras”;
UBS “Dr. Silvio Arnaldo Piva” (Vila Cristina);
UBS “Dr. Mário Fittipaldi” (Wenzel);
UBS “Dr. Antonio Raphael Minervino Santomauro”(Nosso Teto):
UBS de Ajapi;
UBS de Ferraz;
UBS da Assistência;
Pronto Socorros (funcionam em regime de urgência-emergência 24 horas):
Pronto Socorro Municipal Integrado (PSMI);
Pronto Atendimento do Chervezon ;
Pronto Atendimento de Saúde Mental (NAPS)
Vigilância Epidemiológica;
Vigilância Sanitária;
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ);
Centro de Habilitação Infantil “Princesa Vitória” (CHI);
Centro de Especialidades e Apoio Diagnóstico (CEAD);
Centro de Especialidades Odontológicas (CEO):
Centro de Referência da Infância e Adolescência, (CRIARI);
Centro de Orientação e Apoio Sorológico (COAS);
Núcleo de Atenção Psico-Social (NAPS)
Programa de Atendimento Domiciliar (PAD);
Programa de Saúde do Trabalhador;
Centro Municipal de Saúde “Orestes Armando Giovanni”;
Centro de Saúde “Dr. Vasco da Silva Melo”;
Ambulatório de DST/AIDS;
Laboratório de Citopatologia;
E diversos outros programas e projetos em saúde.

CAPÍTULO III

Principais Mudanças na Gestão da Saúde

Para que o município estivesse apto a adotar a Gestão Plena do Sistema Municipal de Saúde, foi necessário promover algumas mudanças e adequações aos requisitos e princípios da Norma Operacional Básica – NOB/96. Essas mudanças foram sendo implementadas gradualmente ao longo de um ano, com base num Plano Municipal de Saúde extensamente discutido com todos os segmentos da sociedade através da III Conferência Municipal de Saúde, em junho de 1997.
A Conferência foi um grande indicador de mudança na gestão do município, pois contou com intensa participação da comunidade e segmentos da área, caracterizando a participação popular e o controle social como um importante mecanismo de viabilização das propostas discutidas.
Os cidadãos, muito mais cientes das necessidades e carências que os cercam, puderam ajudar no diagnóstico de problemas e na definição de prioridades a serem estabelecidas.
Entre as principais propostas e realizações que vêm sendo implementadas podemos destacar:

Implantação da Rede Básica de Saúde,
As Unidades Básicas de Saúde (UBSs):
Com a reestruturação e ampliação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) em cada bairro ou região, essas passaram a contar com o Conselho Gestor formado pela direção da unidade e por representantes dos trabalhadores e dos usuários, a fim de proporcionar maior Controle Social.
Com a reestruturação dos serviços, foi possível mudar o perfil do atendimento, que, até então, funcionava de forma incoerente: as pessoas geralmente dirigiam-se diretamente ao Pronto-Socorro ou ao Pronto-Atendimento independentemente do tipo de atendimento que necessitavam, o que acabava por sobrecarregar a unidade e caracterizá-la por sua ineficiência e lentidão no atendimento. Agora as pessoas são orientadas a dirigir-se primeiramente à Unidade Básica de Saúde mais próxima à sua residência, e dependendo da situação, a pessoa é encaminhada para outra unidade (triagem). O Pronto-Socorro e Pronto-Atendimento ficam designados apenas a procedimentos de caráter de urgência-emergência.
Portanto, houve uma regionalização da saúde no município, ficando cada Unidade designada a atender um público-alvo específico, a fim de garantir respostas concretas às diferentes realidades sócio-econômicas e epidemiológicas de cada região da cidade.
As Unidades Básicas de Saúde estão distribuídas pelos bairros do município e funcionam de Segunda a Sexta-feira das 7 às 19 horas. O horário de atendimento à população foi ampliado e diversificado, pois anteriormente funcionava apenas até as 13 horas. Dentro das possibilidades, as UBSs vêm sendo reformadas e reequipadas para melhor atender à população, e em breve, uma nova unidade será construída num bairro de periferia do município, através de recursos repassados pelo Ministério da Saúde. Porém, muitas delas ainda operam em condições precárias de infra-estrutura, com vazamentos, infiltrações, entre outros problemas. Falta recursos à instituição, que, atuando numa área de extrema carência, têm muitas vezes de optar por outros investimentos dos quais muitas vidas estão dependendo (remédios, aparelhos, médicos, ambulâncias, etc) e que são extremamente caros.
Cada Unidade é administrada por uma Coordenadora específica da área, responsável por dirigir, controlar, verificar as necessidades de recursos da unidade – materiais e humanos, entre outras. Periodicamente, essas coordenadoras reúnem-se com o Secretário de Saúde e Diretores para discutir problemas, colocar suas necessidades ( que são apontadas também pelos usuários) e propor soluções.
Foi possível verificar a importância dessas reuniões para o melhor conhecimento do trabalho realizado nas diversas Unidades e pelo efeito multiplicador de iniciativas bem-sucedidas. Constantemente, constatam-se problemas que ocorrem numa determinada unidade e que são sanados com êxito, cujas iniciativas podem – e devem - ser copiadas pelas demais, respeitando, é claro, as peculiaridades de cada uma.

Serviços Especializados:
O Centro de Especialidades e Apoio Diagnóstico (CEAD), que foi criado atendendo às reivindicações da comunidade, realiza exames gratuitos e consultas com mais de 30 médicos e 18 especialistas, em diversas áreas como: cardiologia, dermatologia, pneumologia, endocrinologia, nefrologia, oftalmologia, psicologia, pequenas cirurgias, etc. Duas salas foram designadas às cirurgias ambulatoriais, também antiga reivindicação da população.

Serviço de Urgência-Emergência (24 horas):
O município conta com o Pronto-Socorro Municipal Integrado (PSMI), anexo à Santa Casa;
com o Pronto Atendimento do Chervezon - que atende mais de 30 mil pessoas nessa região;
e com o Pronto Socorro Psiquiátrico, que funciona junto ao Núcleo de Atenção Psicosocial (NAPS).
O Núcleo de Atenção Psico-social (NAPS): requer atendimento específico e conta com infra-estrutura e especialistas de apoio para atender aos pacientes. No NAPS os pacientes fazem consultas, avaliações, recebem os medicamentos necessários, passam o dia na instituição, fazem as refeições e realizam diversas atividades; mas, no final do dia eles devem voltar para casa. A idéia é desinstitucionalizar o paciente portador de sofrimento mental, proporcionando alternativas mais viáveis de reabilitação para o convívio em sociedade. Só em casos extremos é solicitada a internação do paciente no Instituto “Bezerra de Menezes”.
O NAPS promove também o Encontro de Saúde Mental, onde são debatidos assuntos, propostas e alternativas para setor, contando com a participação de diversos segmentos do setor saúde, com psicólogos, médicos psiquiatras, gestores da saúde e cidadãos em geral.

Criação de uma estrutura organizacional para a Vigilância à Saúde.

A criação dessa estrutura teve por objetivo coordenar todo processo de informação e ação em saúde, mantendo uma avaliação permanente dos impactos das ações de saúde nas condições de saúde dos munícipes e no meio-ambiente. Com o objetivo de mudar o modelo de assistência do individual para o coletivo e melhorar a qualidade de vida, foram implantadas ações nas áreas de Vigilância Epidemiológica, de Vigilância Sanitária, e de Controle de Zoonoses e na área de Informação em Saúde, através da Unidade de Avaliação e Controle (UAC), esta última inexistente até então e as demais operando de maneira precária:

Vigilância Epidemiológica: é composta por uma equipe de profissionais (1 médica, 4 enfermeiras, 2 auxiliares de enfermagem, 2 auxiliares administrativos e 1 biomédico) responsáveis pela organização e distribuição de vacinas, soros, etc, tendo por finalidade controlar para que as doenças permaneçam dentro dos padrões endêmicos aceitáveis para a realidade local. O controle epidemiológico passou a ser responsabilidade do município em 1988 sem no entanto, receber treinamento, capacitação e recursos necessários para executar as ações, e sem contar também com um sistema de informações que armazenasse índices de mortalidade, natalidade, acompanhamento de infecções, causa-mortis, etc, que são muito importantes para um melhor direcionamento das ações. Porém, mesmo com a escassez de recursos, viaturas e profissionais, muitas campanhas de vacinação tem sido intensificada nos últimos anos, como por exemplo a de febre amarela, aplicada em todas as Unidades de Saúde do município.Também foram introduzidas vacinas contra a Hepatite B para crianças menores de 1 ano e realizada a Campanha Nacional de Multivacinação em Rio Claro, com aplicação das vacinas contra o pólio, sarampo, tuberculose, DPT (difteria, coqueluche e tétano) e SRC(sarampo, rubéola e caxumba).

Vigilância Sanitária; esse setor vinha funcionando de maneira precária, sem uma estrutura que viabilizasse qualquer tipo de fiscalização sanitária no município. Isso ocorreu porque esse setor passou a ser de responsabilidade do município sem receber os recursos correspondentes do Estado. O setor agora conta com uma equipe de profissionais que estão procurando reestruturar o sistema de Vigilância, porém, ainda sofre a carência de recursos para contratação de mais fiscais para executar o trabalho. A equipe é formada por 2 agentes de saneamento, 1 farmacêutica e 1 auxiliar administrativo. Entre as principais mudanças que estão tentando promover destaca-se a criação por decreto de um novo corpo de normas que quebre a rigidez do Código Estadual, a fim de melhor adequar as ações à realidade sanitária local. Além disso está sendo construído um cadastro com todos os estabelecimentos do município a serem fiscalizados, para que se inicie as vistorias no controle sanitário, principalmente em relação à política de qualidade em relação à manipulação de alimentos.

Centro de Controle de Zoonoses; foi criado no início de 1997 com o objetivo de prevenir, controlar ou erradicar zoonoses urbanas e incômodos à saúde do munícipe, visando reduzir a morbi-mortalidade e a incidência das zoonoses na espécie humana atuando sobre populações animais. Além de retirar animais das ruas que colocam em risco a segurança e a saúde da população, as equipes do CCZ fazem campanha intensiva de vacinação de animais, tanto na área urbana como rural, e desenvolve ações contra a proliferação de animais como ratos e escorpiões. São responsáveis também pelo controle para a erradicação do mosquito da dengue (que só no período de agosto/novembro, foram inspecionadas 63 mil imóveis) e campanha de vacinação anti-rábica (vacinou mais de 12 mil animais em 98).

Implantação de diversos Programas Educativos e Preventivos, a fim de elevar a consciência sanitária da população e alterar as taxas de morbi-mortalidade , incentivando parcerias com demais Secretarias (Educação, Cultura, Comunicação Social, Obras, entre outras) a atuarem em projetos intersetoriais. Dentre eles pode-se destacar o Projeto “Rio Claro Humano e Solidário” cujo objetivo é a integração das pessoas portadoras de deficiência física ao meio urbano, através da construção e adequação de áreas públicas. Está sendo implantado com a participação da Fundação de Saúde, Prefeitura Municipal, Secretaria de Obras e equipe do gabinete do Prefeito. Há também vários programas direcionados à saúde da mulher e da criança, com o objetivo de diminuir a mortalidade infantil e melhoria da qualidade de vida no município, através do acompanhamento clínico e da verificação das condições sociais da família. Integram atividades de promoção, prevenção e cura em todo sistema de saúde do município. Varias outras atividades vêm sendo discutidas em conjunto com demais Secretarias, que, atuando em parceria, conseguem catalisar os efeitos positivos desses programas e aumentar seu raio de atuação.

Proposta de Informatização de toda Rede de Saúde, a fim de conferir maior agilidade e flexibilidade aos funcionários, eliminando procedimentos desnecessários que ocupam grande parte do tempo dos mesmos; além disso, proporciona maior controle dos procedimentos e informações.

A importância da Informática
A necessidade de informatização é uma realidade de extrema importância verificada em todas as Unidades de Saúde. Muitas delas contam com o auxílio de computadores para realizar as tarefas, porém informatizar não significa simplesmente colocar máquinas, faz-se necessária a aplicação de ferramentas administrativas em Organização de Sistemas e Métodos (O&M), que auxiliam no diagnóstico e análise de rotinas a serem racionalizadas através da informatização.
O eficiente gerenciamento de fluxos e informações consiste numa das peças chaves para o sucesso de toda e qualquer organização, independente de sua finalidade. Porém, os sistemas devem ser implantados respeitando as peculiaridades e necessidades de cada setor, a fim de maximizar os efeitos benéficos da informática. O investimento sem critérios em informática é uma realidade em muitas organizações, o que acaba acarretando desperdício de recursos e aumento de problemas.
No caso da Fundação Municipal de Saúde, a implantação de um sistema de informações integrado, que interligasse todas as Unidades para operar em rede, viria a provocar um grande benefício para o setor, agilizando o acesso às informações, eliminando procedimentos manuais, economizando tempo e recursos.
Uma outra proposta seria os serviços de saúde on-line, onde a Fundação em sua Home Page disponibilizaria diversos serviços aos usuários, funcionários e outros, e atualizaria periodicamente a página com informações importantes a todos segmentos. As Unidades teriam acesso imediato a diversas informações sobre o andamento das atividades de todo setor saúde, agilizando o processo de comunicação entre eles; usuários teriam a oportunidade de consultar todo tipo de informação, acerca dos Programas, atividades, consultas médicas, serviços, etc. A Fundação teria à disposição um eficiente mecanismo de gerenciamento e controle das Unidades, com maior acesso às informações; o processo de compra de medicamentos e outros materiais seria agilizado, com acesso ao Almoxarifado.
Seria muito importante e viável para todos os segmentos da sociedade (cidadãos, sindicatos, empresários, Associações, servidores, etc), e para a Prefeitura Municipal como um todo (Administração e diversas Secretarias) que o município de Rio Claro possuísse uma Home Page, e fizesse parte das cidades “on-line” (http://www.uol.com.br/cidadesonline), com todo tipo de informações e serviços ao contribuinte, como por exemplo: horário de ônibus, pagamentos de impostos e taxas, informações econômicas, políticas e sociais do município; concursos, legislação, realizações municipais, banco de idéias para sugestões dos cidadãos, links para as diversas Secretarias Municipais, Estaduais e Federais; informações em turismo, cultura, educação, saúde, obras, saneamento, Universidades, bibliotecas, ofertas de empregos, etc.
Além de possibilitar e facilitar o acesso às informações aos munícipes, estes teriam a oportunidade de exercer a cidadania, participando, enviando sugestões, etc. Para a Prefeitura Municipal seria mais uma fonte de captação de recursos, pois as empresas do município e região poderiam fazer propagandas (através de banners, anúncios, etc) e divulgariam/venderiam seus produtos e serviços, patrocinando dessa forma o site. E, em parceria com empresas, Associações e ONGs, também poderiam ser feitas doações on-line para entidades filantrópicas, ajudando milhares de pessoas carentes e desassistidas. Há milhares de oportunidades para explorar os benefícios desse mundo virtual que está revolucionando a sociedade e os modos de produção.
Além disso, esse empreendimento virtual possibilitaria em Rio Claro, maior integração das Secretarias e das políticas públicas municipais, com acesso às informações, idéias e iniciativas empregadas pelas diferentes unidades.
Com base nessas informações, podemos concluir a importância da informática na gestão municipal para o benefício dos órgãos e população em geral, que proporciona maior proximidade entre usuários e gestores, agilidade, flexibilidade e autonomia das ações, assim como uma importante economia de tempo e recursos financeiros.
Rio Claro já iniciou seu processo de informatização, e a Prefeitura está iniciando a implementação da Home Page do município, viabilizando assim, as oportunidades acima relatadas.

Financiamento da Saúde em Rio Claro

Como já foi destacado anteriormente, os municípios não recebem do SUS recursos suficientes para atender à crescente demanda da população por serviços de saúde de qualidade e abrangência, capazes de garantir o mínimo de dignidade aos munícipes. Dessa forma, é cada vez maior a quantidade de recursos que os municípios tem de disponibilizar para investir em saúde, o que fica comprometido com os crescentes problemas de caixa que estes enfrentam .
O principal problema enfrentado pela Fundação de Saúde é a falta de recursos financeiros, insuficientes para suprir toda rede de serviços. O município recebe do SUS cerca de 300 mil reais/mês para Assistência Hospitalar (que são inteiramente repassados à Santa Casa de Misericórdia, com a qual a Fundação mantém uma relação de co-gestão na utilização dos leitos). E cerca de 140 mil reais são repassados para Atenção Básica. Só que para manter as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o PSMI, o município tem que investir cerca de 630 mil reais. Portanto, mais de 500 mil reais são financiados pela Prefeitura. O município repassa mais de 140 mil reais mensais só para a Santa Casa, sendo 100 mil reais de repasse direto e 40 mil reais em recursos para os plantonistas da Maternidade e 2 funcionários no hospital, além de arcar com as despesas de transporte. A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Misericórdia conta com 9 leitos para usuários do SUS, que, após a municipalização da saúde, foram reformados e adequados para atender à comunidade.
Cabe ressaltar que com a municipalização a relação com os prestadores de serviços para a saúde - Santa Casa, por exemplo – foi aperfeiçoado, pois até então era o Ministério da Saúde quem repassava o dinheiro, o que acabava gerando atrasos e problemas no pagamento. A Fundação repassa os recursos no prazo de no máximo 7 dias para a instituição.
O Ministério da Saúde repassa também recursos para Programas e Projetos específicos, como o da AIDS, da Dengue ( que recebeu em novembro/98, 7 viaturas a serem utilizadas na campanha, além de recursos para contratação de pessoal) e para construção de novas Unidades de Saúde (UBS).
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por objetivo apresentar a organização dos serviços de saúde de Rio Claro, assim como as principais transformações ocorridas com a municipalização do setor.
Com base nas informações relatadas, foi possível verificar que houve uma verdadeira revolução do sistema de saúde local, através de uma completa reestruturação de todos os serviços que eram prestados precariamente até então. Com certeza ainda há muito a ser feito e grandes desafios a serem vencidos; os municípios contam com enorme carência de recursos, pois depararam-se com suas atribuições aumentadas sem o proporcional aumento de verbas, agravada ainda mais com a política de ajuste fiscal do governo federal.
Gostaria de ressaltar algumas impressões sobre o estágio realizado, que julgo ter sido de grande importância para meu aprendizado.
Tendo vivenciado o dia-a-dia de uma instituição pública foi possível constatar o quanto desafiador é atuar na administração municipal, pois o gestor está a todo momento lidando com situações em que ele tem que realizar seu trabalho, pagar as contas e não há dinheiro suficiente. Foi possível sentir a angústia dos funcionários que sabem que, se tal medicamento não for comprado ou determinado serviço não for prestado, muitas pessoas podem morrer.
É por isso que cada vez mais as administrações municipais estão tendo que “reinventar” seus governos, buscando alternativas de financiamento e de prestação de serviços através de parcerias com a sociedade civil e diversos organismos.
Além da falta de recursos, há outro grande desafio enfrentado pelo gestor comprometido com a qualidade e eficiência da administração municipal: a influência da política em quase todas as decisões. Por exemplo, se há uma verba disponível para a construção de uma nova unidade de saúde e há dois bairros necessitando de tais serviços, a decisão de qual bairro será escolhido deve basear-se em fatores como: qual dos dois possui maior carência de tais serviços, qual deles está mais distante de outro posto de saúde, o público que cada um irá atingir, condições de infra-estrutura, etc. Porém, se a unidade for construída em um bairro que beneficiará determinado político que possui influência no mesmo, este fará de tudo para que o investimento ocorra conforme seus interesses. Nesse sentido, cabe destacar a importância que assume os diversos mecanismos de controle por parte da sociedade, que, participando ativamente através dos organismos existentes (Conselho Municipal de Saúde, Conferência Municipal de Saúde e Conselhos Gestores), consegue evitar que tais desvios ocorram.
Essa é uma realidade da administração pública em todos os níveis, seja Federal, Estadual ou Municipal, mas com certeza há também muitos profissionais sérios e comprometidos socialmente com os reais interesses da população.
Finalmente, cabe destacar da experiência de Rio Claro, o constante incentivo por parte dos gestores municipais à participação popular nas decisões e iniciativas da Prefeitura. Colocando à disposição dos munícipes diversos mecanismos de atuação como os Conselhos, Conferências, Orçamento Participativo e outros, afirma-se assim, a importância da consciência dos cidadãos para o desenvolvimento e progresso do município.





BIBLIOGRAFIA

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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Páginas de word wide web nos seguintes endereços:






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RELATÓRIO DE ATIVIDADES - janeiro/97 a dezembro/98 – Prefeitura Municipal de Rio Claro, Janeiro de 1999.

RIANI, José Luiz. “O Planejamento Municipal E A Determinação Da Saúde No Espaço Urbano”. Projeto de Pesquisa apresentado ao programa de Pós-Graduação em Medicina – Saúde Coletiva. Doutorado – FCM/UNICAMP. Campinas, janeiro de 1999.

RIANI, José Luiz. “Saúde e Meio Ambiente Urbano: O Processo de Urbanização e seus Reflexos na Saúde”. Relatório Parcial de Pesquisa, abril de 1996.





Roberta Figueiredo Telles



BIBLIOTECA VIRTUAL

Sua fonte de pesquisas na Internet



DRAIBE, Sônia Míriam. Brasil: O Sistema de Proteção Social e suas transformações recentes. Santiago, CEPAL, 1993.
LUCCHESE, Patrícia. Descentralização Do Financiamento E Gestão Da Assistência À Saúde No Brasil - A Implementação do Sistema Único de Saúde.- Retrospectiva, 1990/1995.

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LUCCHESE, Patrícia. Descentralização Do Financiamento E Gestão Da Assistência À Saúde No Brasil - A Implementação do Sistema Único de Saúde.- Retrospectiva, 1990/1995.

Vide anexo para algumas informações sobre o SUS, como nº de leitos, de consultas, valor do orçamento, principais gastos, etc.
Ver Anexo reportagem da Folha de São Paulo: “Prefeitos querem equilibrar o SUS”
Ver Anexo “Evolução da arrecadação da prefeitura”
Vide Anexo “Rio Claro tem melhor índice da região”
Ver Anexo “Para onde vai seu dinheiro?”
Plano Municipal de Saúde – O Sistema Municipal de Saúde de Rio Claro: Saúde para todos. Fundação Municipal de Saúde, Rio Claro, julho de 1997.
Ver Anexo Folder da “III Conferência Municipal de Saúde de Rio Claro”.
Vide Anexo Organograma
Lei n 2784 de 29 de novembro de 1995 – Prefeitura Municipal de Rio Claro – Estado de São Paulo
Vide Anexo Boletim Informativo da Prefeitura Municipal de Rio Claro – Fique Sabendo – março-abril/98

Relatório de Atividades janeiro/97 a dezembro/98 – Prefeitura Municipal de Rio Claro.
Relatório de Atividades janeiro/97 a dezembro/98 – Prefeitura Municipal de Rio Claro.
Vide Anexo Tranferencias efetuadas por competência – resumo do Fundo Municipal de Saúde –11/99. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Administraçao.:.Abordagem contingencial da administraçao

ABORDAGEM CONTINGENCIAL DA ADMINISTRAÇÃO

Contingência quer dizer alguma coisa incerta ou eventual, que pode ou não acontecer.
A verdade ou falsidade será conhecida pela experiência e não pela razão.
As organizações complexas levaram a uma nova teoria. A estrutura de uma organização e seu funcionamento são dependentes de interface com o ambiente externo.
Diferentes ambientes requerem diferentes relações organizacionais para uma ótima eficácia. É necessário um modelo apropriado para cada situação. Diferentes tecnologias conduzem a diferentes desenhos organizacionais. Variações na tecnologia conduzem a variações na estrutura organizacional.
Estudos demonstram a questão do impacto ambiental sobre a estrutura e funcionamento da organização.
Se o comportamento causa mudança no ambiente, a mudança ambiental será contingente em relação ao comportamento.
A nova etapa da Abordagem Contingencial divide-se em teorias:

TEORIA CLÁSSICA: é a organização de um regime fechado, rígido e mecânico sem conexão com seu ambiente exterior. A preocupação dos autores clássicos era encontrar a melhor maneira de organizar, valendo para qualquer tipo de organização. Nessa teoria clássica aplica-se o bom senso. O que valia para uma organização valia para as demais.

TEORIA DAS RH: Nessa teoria a maior preocupação era o comportamento humano e o relacionamento informal e social dos participantes dos grupos sociais que determinam o comportamento individual. O que era válido para uma organização humana era válido para as demais.

TEORIA DA BUROCRACIA: Foi trazida das obras de MAX WEBER; preocupado com os aspectos internos e formalidades de um sistema fechado, na divisão do trabalho, no poder da autoridade, na imposição de regras e disciplina. Buscando um caráter racional, legal, impessoal e formal para a máxima eficiência. Com essa teoria inicia-se a crítica da organização burocrática.

TEORIA ESTRUTURALISTA: O conceito de organização e do homem são amplificados numa tentativa de integração entre as abordagens clássicas e humanisticas a partir de uma moldura da Teoria da Burocracia. Os Estruturalistas desenvolvem análises comparativas das organizações facilitando a localização de características organizacionais.

TEORIA NEOCLÁSSICA: Marca um retorno dos clássicos atualizados inovando e adaptando a mudança. Utilizando velhos conceitos de uma teoria que é a única que apresenta um caráter universal.



TEORIA COMPORTAMENTAL: é uma teoria deixada como herança da teoria das RH; ela ampliou o conceito do comportamento social, comparando estilo tradicional de Administração com o moderno estilo na compreensão dos conceitos de comportamento de motivação. Para mudar uma organização e para se adaptar à dinâmica é preciso mudar o comportamento dos seus participantes e suas relações.

TEORIA DE SISTEMAS: Ela desenvolveu ampla visão de organização seguindo uma preocupação com a construção de modelos abertos. O sistema se divide em subsistemas que tem organizações inter-relacionados e o supra sistema com os subsistemas e com a organização como um todo.

TEORIA DA CONTINGÊNCIA: Onde ocorreu o deslocamento da visualização de dentro para fora da organização. Tudo depende das características ambientais para a organização. Os sistemas culturais afetam as organizações. Essa teoria é um passo além da teoria de sistemas em Administração. Ela procura compreender como operam outras organizações.



ORIGENS DA TEORIA DA CONTINGÊNCIA

No intuito de se verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias, alguns pesquisadores passaram a abordar os vários aspectos que compunham o êxito ou não de várias organizações procurando compreender e explicar o modo como as empresas funcionavam em diferentes condições.
Baseados nestes estudos, puderam confrontar como ( aspecto das organizações) interagem as variáveis ambientais, as técnicas administrativas e a relação funcional dentro das organizações.
A abordagem contingencial conclui que os fatores ambiente e tecnologia são fundamentais para o equilíbrio e ponderação dentro das organizações, podendo tais aspectos atuarem como oportunidade ou restrições que influenciam a estrutura e os processos internos da organização e que tais fatores devem ser constantemente identificados, especificados e reformulados para uma Administração equilibrada e de acordo com seu objetivo alcançado.

PESQUISA DE CHANDLER

Em 1962, Alfred Chandler Jr. Realizo uma das mais sérias investigações históricas abordando a estratégia de negócios. Estudou quatro grandes empresas americanas: a DuPont, a General Motors, a Standar Oil Co.(New Jersey) e a Sears Roebuck & Co; demonstrou que as estruturas destas empresas foram necessariamente adaptadas e ajustadas às suas estratégias durante todo um processo histórico envolvendo quatro fases distintas:

Acumulação de Recursos: A expansão da rede ferroviária iniciada após a Guerra da Secessão Americana ocasionou o fortalecimento do mercado de ferro e aço e o moderno mercado de capitais, com isso houve um rápido crescimento urbano gerado pela facilidade da estrada, como a migração rural e o início da imigração européia. As empresas tiveram que ampliar suas instalações de produção e organizar uma rede de distribuição, passaram então a deter o mercado de matérias-primas através da compra de empresas fornecedoras. Daí o controle por Integração Vertical que possibilitou o aparecimento da economia em escala.

Racionalização do Uso de Recursos: As novas empresas integradas tornaram-se grande e passaram a Ter a necessidade de serem organizadas pois tinham muito recursos desnecessários ( instalações e pessoal). Haveria então a criação de uma estrutura funcional para a redução de custos, pois esta racionalização e a nova estrutura deveriam estar adequadas às oscilações de mercado, para isto se preocupavam com planejamento, organização e coordenação.

Continuação do Crescimento: A reorganização geral ocasionou um aumento de eficiência nas vendas, compras, produção e distribuição, mas em contrapartida os lucros baixaram, o mercado saturou-se, diminuindo a oportunidade de se reduzir os custos. As empresas partiram então para a diversificação ( próxima de novos mercados e novos produtos). A antiga estrutura funcional não estava preparada para essa diversificação. A nova estratégia gerou o surgimento de departamentos de pesquisa e desenvolvimento, engenharia do produto e desenho industrial.

Racionalização do uso de recursos em expansão: O suporte de autoridade e comunicação da estrutura funcional, sem terem como atender à cumplicidade crescente de produtos e operários, levaram à nova estrutura divisional departamentalizada. De um lado a descentralização de operações e, de outro, a centralização de controles administrativos.

Em resumo diferentes ambientes levam as organizações a adotar novas estratégias e estas, exigem diferente estruturas organizacionais.


PESQUISA DE BURNS E STALKER

Tom Burns e G. M Stalker, dois sociólogos industriais, pesquisaram em 1961 vinte indústrias inglesas procurando analisar a correlação entre as práticas administrativas e o ambiente externo dessas indústrias. Classificaram as indústrias em dois tipos: organizações mecanisticas e orgânicas.
Comentam os autores que o sistema "mecanista" parecia ser apropriado a uma empresa que opera em condições ambientais relativamente estáveis, o outro, orgânico, parecia exigido pelas condições ambientais em transformação.

Sistema mecanista: A administração é baseada na hierarquia como demostrado em organogramas. É um sistema vertical onde as operações, o sistema de trabalho, as informações seguem o padrão de comando do superior ao funcionário. Devendo o indivíduo executar esta tarefa para o retorno ao superior, sem se preocupar com a cumplicidade de seu trabalho na totalidade da organização.
Sistema orgânico: É adaptado a condições instáveis, os sistemas de trabalho são atribuídos a especialistas que executam suas tarefas com o conhecimento global da importância delas passa a empresa. Os indivíduos se interagem em suas funções. A situação efetua-se tanto lateral como verticalmente. Há a comunicação entre indivíduos de categorias diferentes e hierarquias diferentes, a chefia passa a ser parte do grupo, todos buscando um êxito comum.


PESQUISA DE LAWRENCE E LORSCH

Pesquisaram sobre organização e ambiente marcando o aparecimento da Teoria da Contingência. Entre três empresas diferentes concluíram que os problemas básicos de organização são a diferenciação e a integração. É um processo gerado por pressões, no sentido de obter unidade de esforços e coordenação entre vários departamentos.

O desenvolvimento da pesquisa
Foram escolhidas as indústrias de plásticos, alimentos empacotados e de recipientes de alto e baixo desempenho, ambientes industriais de diferentes graus, desde ambientes de rápida mudança tecnológica até ambientes estáveis que exigem pequena diferença de organização.
Essas quatro pesquisas revelaram que: A organização em relação ao seu ambiente e a tecnologia adotada surgiu a Teoria da Contingência.
As organizações precisam ser ajustadas ao sistema das condições ambientais. Os aspectos universais devem ser substituídos pelas normas de acordo entre organização ambiente e tecnologia.


PESQUISA DE JOAN WOODWARD

Socióloga industrial inglesa, pesquisou sobre os princípios de administração em 100 empresas de diferentes tipos com média de 100 a 8.000 empregados.
Cem empresas foram classificadas em três grupos de tecnologia de produção cada qual desenvolvendo diferentes maneiras de produzir.

Produção Unitária : é feita por unidades ou pequenas quantidades. Os trabalhadores usam variadas ferramentas. O processo de produção é menos padronizado.
Produção em massa : é feita em grande quantidade. Os trabalhadores operam máquinas e linha de produção ou montagem padronizados. Como as montadoras de veículos.
Produção em Processo : um ou mais operários lidera um processo total ou parcial de produção. A participação humana é pouco usada. Ex: as refinarias de petróleo, as siderúrgicas, etc. Nessas três tecnologias, casa uma tem um processo de produção diferente. A tecnologia extrapola a produção influenciando toda a organização empresarial.

Resumindo a pesquisa de Woodward ; a tecnologia adotada para uma empresa é que determina a sua estrutura e seu comportamento organizacional.

AMBIENTE

Ambiente é tudo o que acontece externamente, mas influenciando internamente uma organização. A Análise do Ambiente foi iniciada pelos estruturalistas, como a análise tinha abordagem de sistemas abertos aumentou o estudo do meio ambiente como base para verificar a eficácia das organizações, mas nem toda a preocupação foi capaz de produzir total entendimento do meio ambiente.
As teorias da ADM tem ênfase no interior e exterior da organização.
O ambiente e o ambiente da tarefa
O ambiente geral é o genérico e comum que afeta direta ou indiretamente toda e qualquer organização, é constituído de um conjunto de condições semelhantes, são elas tecnológicas, legais, políticas, econômicas, demográficas, ecológicas ou culturais.
Tecnológica é quando ocorre desenvolvimento tecnológico nas outras organizações, é preciso se adaptar para não perder a competitividade.
As condições legais constituem a legislação, são leis trabalhistas, fiscais, civis, de caráter comercial, etc.
As condições políticas são decisões e definições políticas.
As condições econômicas constituem o que determina o desenvolvimento econômico. Inflação, balança de pagamento do país, distribuição de renda interna, etc; são problemas econômicos que não passam despercebidos pela organização.
A condição demográfica determina o mercado de acordo com a taxa de crescimento, população, raça, religião, distribuição geográfica, etc.
A condição cultural é a expectativa da população que interfere no consumo.
Todas essas condições interagem entre si, e suas forças juntas tem efeito sistêmico.
O ambiente geral é genérico, mas as organizações tem também o ambiente particular ou de tarefa.
O ambiente de tarefa é o de operações de estrada e de saída em casa organização, e é constituído por fornecedores de entradas, clientes ou usuários concorrentes e entidades reguladoras. Os fornecedores de entrada, são fornecedores de todos os recursos para trabalhar, tais como matéria-prima, recursos financeiros e recursos humanos.
Clientes são consumidores. Concorrentes são tanto de recurso e consumidores.
Entidades reguladoras são as que fiscalizam a organização tais como sindicatos, associações de classe, órgãos regulamentares do governo regulador do consumidor, etc.
Definir ambiente de tarefa é quando a organização já escolheu o produto ou serviço e o mercado onde vender. É no ambiente de tarefa que a organização se preocupa em estabelecer seu domínio, quanto a consumidores e fornecedores, querem também reduzir a dependência.
O ambiente de tarefa depende das oportunidades ou ameaças para a organização.
O AMBIENTE GERAL E AMBIENTE DE TAREFA
Cada um de seus elementos pode ser um grupo, instituição ou indivíduo, podem ser ameaças ou oportunidades para organização, o que gera a incerteza. A incerteza hoje é um grande desafio tanto da ADM quanto das organizações, mas a incerteza não está no ambiente e sim na percepção das organizações, tanto que o mesmo ambiente pode ser interpretado de maneiras diferente por duas organizações.


TIPOLOGIA DE AMBIENTES
O ambiente é um só, mas as organizações estão expostas à apenas uma parte dele que pode ser diferente das demais, é dividido em tipologias e são características do ambiente de tarefas.
Os ambientes podem ser homogêneos ou heterogêneos de acordo com a estrutura.
É homogêneo quando há pouca mistura de mercados; e heterogêneo quando existe diferenciamento múltiplo nos mercados.
Os ambientes podem ser classificados estáveis ou instáveis de acordo com sua dinâmica.
É estável quando quase não ocorrem mudanças e quando ocorrem são previsíveis.
É instável quando há mudanças o tempo inteiro, essas mudanças geram a incerteza.
(Inovação e Criatividade, ênfase na eficácia, reações variadas e inovadoras, etc).
O ambiente homogêneo terá diferenciação menor e os problemas poderão ser tratados de forma simples, com pouca departamentalização. O mesmo acontece com a estabilidade e instabilidade.
Quanto mais estável menor a contingência, permitindo uma estrutura burocrática e conservadora, porém quanto mais instável, maior a contingência e maios a incerteza, porque há uma estrutura organizacional mutável e inovadora.


TECNOLOGIA

Toda organização tem que adotar uma tecnologia podendo ser ela tosca, isto é, grosseira, rude ou sofisticada, como o uso de computadores, mas todas as organizações precisam de uma tecnologia para funcionarem e chegarem aos fins desejados.
Na parte administrativa, a tecnologia é desenvolvida nas organizações através do Know -how, os resultados são obtidos com os serviços e produtos.
A tecnologia não incorporada são as pessoas competentes para desenvolver sua função dentro da empresa. A tecnologia incorporada é o capital (dinheiro), matérias-primas etc.
A tecnologia, seja ela qual for, está presente no dia a dia das empresas, transformando as matérias-primas em produtos consumíveis e produtivos para a humanidade.
A tecnologia variável ambiental é aquela que assume a tecnologia criada para outras empresas de seu ambiente de tarefa em seus sistemas de dentro para fora. A tecnologia variável organizacional, quando a tecnologia esta presente em sua empresa, influencia e desempenha melhor em seu ambiente de tarefa.


TIPOLOGIA DE THOMPSON
Para a empresa alcançar seus objetivos deve contar com o conhecimento humano onde o homem conduz para um resultado satisfatório, isto é, a tecnologia pode ser avaliada por critérios instrumental (conduzido à resultados desejados) e critérios econômicos (resultados desejados com poucas despesas).
A perfeição instrumental é quando se produz um produto padrão com taxa constante, porque com as experiências adquiridas dos trabalhadores, reduz perda de material e pode levar a modificação de maquinários.
A tecnologia mediadora é quando os clientes são interdependentes, necessitam de uma empresa mediadora para ajudá-los a alcançar seus objetivos.
Tecnologia intensiva consiste em diversas habilidades, especializações, técnicas variadas para modificar um único objetivo.
Thompson classifica a tecnologia flexível, assim: as máquinas, o conhecimento técnico e as matérias-primas são usados para outros produtos ou serviços e a tecnologia fixa não permite utilização em outros produtos ou serviços.


TIPOLOGIA DE TECNOLOGIAS
Tecnologia fixa e produto concreto: provém de empresas onde a mudança tecnológica é muito menos, existindo um problemas, o que não aceite seus produtos. Ex: o ramo automobilístico.
Tecnologia fixa e produto abstrato: A empresa tem capacidade de mudar segundo algumas normas impostas pela tecnologia fixa ou flexível. As partes relevantes do ambiente de tarefa precisam ser influenciadas à aceitar novos produtos que a organização oferecer, para isso a formulação da estratégia global das organizações enfatiza a obtenção do suporte ambiental necessário para a mudança. Ex: Instituições educacionais baseadas em conhecimentos que oferecem cursos especializados.
Tecnologia flexível e produto concreto: A organização efetua com facilidade mudanças para um produto novo ou diferente através das máquinas, técnicas, pessoal, conhecimento, etc. Ex: as empresas do ramo plástico, de equipamentos eletrônicos, sujeitos à mudanças, fazendo com que as tecnologias adotadas sejam constantemente reavaliadas, modificadas ou adaptadas.
Tecnologia flexível e produto abstrato: A possibilidade de mudanças são muitas e o problemas maior das organizações está na escolha entre qual alternativa é a mais adequada: o consenso dos clientes (consenso externo em relação ao produto ou serviço oferecido ao mercado), ou aos processos de produção (consenso dos empregados). Ex: as organizações secretas ou mesmo abertas (mas extra-oficiais), as empresas de propaganda e de ralações públicas, etc.


Todas as organizações apresentam problemas pois as contingências impostas por diferentes tecnologias são importantes para a organização e sua administração.
Uma organização comprometida com uma tecnologia específica pode perder a chance de produzir um outro produto para outras organizações de tecnologias mais flexíveis pois a cada dia a tecnologia fica mais especializada e a flexibilidade da organização de rapidamente passar de um produto para outro pode decrescer.
Se a empresa já for dotada de grandes recursos e aplicar-se em um novo campo de atividades ou produtos, pode usufruir do surgimento de novas tecnologias e assim facilitar tal chance. Mas, a medida em que a tecnologia se torna mais complexa, a empresa passa a Ter menos controle sobre o processo tecnológico global, e assim ficando dependente de outras empresas do ambiente de tarefa. Dependência crescente de especialistas, de treinamento prévio feito por outras organizações que exigem mais integração e coordenação.



IMPACTO DA TECNOLOGIA
A tecnologia tem por prioridade determinar a natureza da estrutura organizacional e do comportamento das empresas. Alguns autores costumam dizer que há um imperativo tecnológico, isso quer dizer que existe um forte impacto da tecnologia não só nas empresas e organizações, mas também na natureza e na vida.
A tecnologia virou sinônimo de eficiência. E eficiência tornou-se um critério normativo onde as organizações e administradores são constantemente avaliados.
Enfim, a tecnologia cria incentivos nas empresas para levar os administradores a melhorarem cada vez mais a eficiência, mas sempre dentro dos limites do critério normativo. Por isso a tecnologia tem influenciado muito sobre as organizações e seus participantes.



AS ORGANIZAÇÕES E SEUS NÍVEIS
As organizações enfrentam desafios tanto internos como externos, independente do seu tamanho ou natureza. Elas se diferencia em três níveis organizacionais:

1)NÍVEL INSTITUCIONAL OU NIVEL ESTRATÉGICO
É o nível mais alto de uma empresa, composto pelos diretos, proprietários, acionistas e é onde as decisões são tomadas, onde são traçados os objetivos à serem alcançados.

2) NÍVEL INTERMEDIÁRIO OU MEDIADOR
É composto pela média administração de uma empresa e se localiza entre o Nível Institucional e o Nível Operacional. Seu objetivo é unir internamente estes dois níveis, gerenciando o comando de ações, ajustando as decisões tomadas pelos níveis institucionais com o que é realizado pelo nível operacional.
Ao nível Intermediário está a responsabilidade também de administrar o nível operacional, pois é ele que está frente à frente com as incertezas do ambiente, intervindo e amortecendo estes impactos afim de não prejudicar as operações internas dentro do nível.

3)NÍVEL OPERACIONAL, TÉCNICO ou NÚCLEO TÉCNICO
Estão ligados aos problemas básicos do dia a dia e é onde as tarefas e operações são realizadas, envolvendo os trabalhos básicos tanto relacionados com a produção de produtos como de serviços da organização. É um nível que comanda toda a operação de uma organização e é nele que se localizam máquinas, os equipamentos, instalações físicas, a linha de montagem, os escritórios, tendo a responsabilidade de assegurar o funcionamento de um sistema.

As organizações são, de uma certa forma, sistema aberto, pois muitas vezes surgem as incertezas do ambiente, contudo são capazes de se anteciparem se defendendo e se ajustando a elas.
Podem ser também sistema fechado, uma vez que este nível opera tecnologicamente com meios racionais. É eficiente, pois nela as operações seguem uma rotina e procedimentos padronizados, repetitivos.
A estrutura e o comportamento de uma organização são contingentes, porque elas enfrentam constrangimentos ligados as suas tecnologias e ambiente de tarefas.
Não há, no entanto, uma maneira específica ou melhor de organizar e estruturar uma organização.
As contingências por serem diferente em cada organização, há uma variação em suas estruturas e comportamentos.



CONCLUSÃO
Para cada uma das "Teorias Administrativas", há uma maneira diferenciada de administrar.
Não podemos dizer que uma é mais certa que a outra.
Para cada situação são utilizados critérios diferenciados pois depende da situação do ambiente.
As atitudes administrativas deverão ser tomadas de acordo com o momento, já que a situação é que mostrará qual o procedimento correto a ser adotado para a olução dos problemas.


APRECIAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA DA CONTINGÊNCIA
A Teoria da Contingência enfatiza o mais recente estudo integrado na teoria da ADM; é sem dúvida a mais eclética de todas as teorias da ADM, pois além de considerar as contribuições das diversas teorias anteriores, consegue coordenar os princípios básicos da ADM como: as tarefas, a estrutura, as pessoas, a tecnologia e o ambiente.
Dentro de seu estado, as teorias administrativas anteriores são colocadas à prova, sua conclusões são confirmadas (cada uma de acordo com sua época, necessidade, ambiente, interação, compatibilidade, etc.), atualizadas, ampliadas, integradas dentro de uma abordagem mais complexa, permitindo assim uma visão conjunta, abrangente com maior maleabilidade e adaptação para cada organização e para a ADM em um todo.
A abordagem contingencial mesmo tendo analisado outras escolas como a Teoria Clássica ou a Teoria de Sistemas, aceitou suas premissas básicas, mas adaptou-as a outros termos, pois, nela nada é absoluto ou universalmente aplicável. Tudo é composto de variáveis sejam situacionais, circunstanciais, ambientais, tecnológicas, econômicas; enfim diferem em diferentes graus de variação.
De todas as Teorias ADM, a abordagem contingencial enfoca as organizações de dentro para fora colocando o ambiente como fator primordial na estrutura e no comportamento das organizações. De um lado o ambiente oferece oportunidades e recursos, de outro impões coações e ameaças à organização.
É neste ponto que a tecnologia torna-se também uma variável importante para o ambiente.
Dela depende os conceitos de oportunidades extra organizacionais como inter organizacionais já que interfere na coerência dos membros internos da organização para obter e adaptar a coesão com características externas do ambiente. Cada organização requer sua própria estrutura organizacional dependendo das características de seu entorno e de sua tecnologia. Assim, para a teoria da Contingência, os dois grandes desafios para as organizações modernas são o ambiente e a tecnologia.
A partir da teoria da Contingência, a variável tecnológica passou a assumir um importante papel na teoria administrativa.
Em resumo, a tecnologia provavelmente será um fator para a terceira revolução industrial, aliada ao ambiente e a forma como as organizações e a própria Administração saberão utilizar e adaptar estes dois importantes fatores face à globalização de todos os conceitos organizacionais. É neste âmbito que a teoria da Contingência tem muito ainda a ser estudada e atualizada confirmando que a Administração deve muito a seus conceitos e há muito que adaptar-se a estudos cada vez mais complexos para o êxito dela própria. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Administraçao.:.A Teoria dos dois fatores de Herzberg

TEORIA DOS DOIS FATORES

A Teoria dos dois fatores foi formulada e desenvolvida por Frederick Herzberg, a partir de entrevistas feitas com 200 engenheiro e contadores da indústria de Pittsburgh. Estas procuravam identificar quais as consequências de determinados tipos de acontecimentos na vida profissional dos entrevistados, visando a determinar os fatores que os levaram a se sentirem excepcionalmente felizes e aqueles que os fizeram sentir-se infelizes na situação de trabalho.

Fatores Higiênicos: Ou fatores extrínsecos, pois se localizam no ambiente que rodeia as pessoas e abrange as condições dentro das quais elas desepenham seu trabalho. Como essas condições são administradas e decididas pela empresa, os fatores higiênicos são: o salário, os benefícios sociais, o tipo de chefia ou supervisão que as pessoas recebem de seus superiores, as condições físicas e ambientais de trabalho, as políticas e diretrizes da empresa, o clima de relações entre a empresa e as pessoas que nela trabalham, os regulamentos internos, etc. São fatores de contexto e se situam no ambiente externo que cercam o indivíduo. Contudo, de acordo com as pesquisas de Herzberg, quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação e, quando a elevam, não conseguem sustenta-la elevada por muito tempo. Porém, quando os fatores higiênicos são péssimos ou precários, eles provocam a insatisfação dos empregados.

Fatores Motivacionais: Ou fatores extrínsecos, pois estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Assim sendo, os fatores motivacionais estão sobre controle do indivíduo pois estão relacionados com aquilo que ele faz e desempenha. Os fatores motivacionais envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de autoreavaliação e dependem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho.
Os estudos de Herzberg levaram a conclusão que os fatores que influíam na prodição de satisfação profissional éram desligados e distintos dos fatores que levaram a insatisfação profissional. Assim, os fatores que causavam satisfação estão relacionados a própria tarefa, relações com o que ele faz, reconhecimento pela realização da tarefa, natureza da tarefa, responsabilidade, promoção profissional e capacidade de melhor executá-la. Por outro lado, constatou-se que os fatores causadores de insatisfação são fatores ambientais, isto é, externos à tarefa, tais como: tipo de supervisão recebida no serviço, natureza das relações interpessoais, condição do ambiente onde o trabalho executado e finalmente o próprio salário. Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...